Eu fico maravilhado e acho tudo
muito lindo, quando se trata dessa coisa de tecnologia. Agora, por exemplo, o
tablet que eu tenho lá em casa (aquele aparelhinho, madame, parecido com um
tablete de margarina - daí o nome -, só que três vezes maior, mais fino e que
carrega a internet todinha dentro dele, sacou?), pois o meu tablet passou a ser
habitado por um espírito eletrônico (“um programa”, me ensinam as novas
gerações) que entende o que eu falo e cumpre as tarefas que eu ordeno. Genial!
Moderníssimo como sou, aprendi a
organizar uma agenda eletrônica de minhas tarefas e compromissos apertando o
botãozinho certo no tablet (e a porcaria do Word insiste em grafar “tablete”
toda a vez que eu teclo “tablet” e tenho de voltar para suprimir o “e” que
sobra) e simplesmente ordenando, em voz alta, no meio da sala: “agende reunião
com Fulano de Tal, às tantas horas”! E pimba: a secretária eletrônica entende o
que eu digo e tasca lá na agenda o compromisso, sem que eu tenha de digitar
nada. Fantástico, supimpa, admirável mundo novo! Só que não. Nem sempre.
Ontem, por exemplo, entrei em
briga feia com a secretária eletrônica, que subitamente se revelou pouco
capacitada para as tarefas a que se propunha ao invadir meu tablet. Ela
simplesmente não entende minha pronúncia para “dia 26”. No lugar disso, agendou
meu compromisso para outros dias, ou para dias diferentes no horário das “vinte
horas e seis minutos”. Pô, que dificuldade de comunicação! Resultado: tive de
desistir do auxílio dela e digitar com meus dedões mesmo o compromisso na
agenda eletrônica de forma correta. Fui obrigado a deixar de lado a
ultramoderna tecnologia eletrônica e botar meu cérebro e meu corpo a agir, para
conseguir o objetivo, que era simplesmente marcar a reunião.
E isso, amiga leitora, prezado
leitor, isso é muito, mas muito bom. Porque isso significa que, ao menos por
enquanto, as máquinas precisam se colocar no seu lugar, porque elas falham, sim
senhor, e ainda precisam de nós, humanos, para desempenhar suas funções. É um
alívio. Porque, até então, a gente estava condicionado a aceitar a teoria vista
nos filmes antigos de que os robôs nunca falham... ca falham... ca falham... ca
falham...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 26 de outubro de 2015)
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