Será que eles sabem? Será que a
informação já chegou até lá? Acredito que, para que eles ficassem sabendo,
seria preciso que uma notícia dessas viajasse à velocidade da luz, percorrendo
zilhões de quilômetros espaciais em frações de segundo, devorando as distâncias
astronômicas com a rapidez de um pensamento. Não. Ainda mais veloz do que o
pensamento. E se sabem, será que se importam? Será que dão a mínima? Será que,
lisonjeados com a deferência, estipularam também lá longe uma retribuição em
homenagem a nós? Como saber?
O fato é que hoje, dia 24 de
junho, é o Dia Internacional do Disco Voador. Um dia para homenagear os
homenzinhos verdes que tripulam charutos voadores que singram os céus do nosso
planeta de tempos em tempos e que nos fazem ficar pensando que, ufa, não
estamos sós nesse latifúndio de espaços vazios que é o universo. Talvez não
sejam verdes, claro. Dizem, alguns que já os viram, que são cinzas e
esqueléticos. Mas como provavelmente não procedem todos do mesmo lugar, as
formas deles variam tanto quanto os formatos de suas naves espaciais: discos,
pratos, charutos, esferas, triângulos luminosos...
Alguns deles, inclusive, afirmam
os entendidos (conhecidos como ufólogos, já que UFO é a sigla em inglês para
OVNI, que significa Objeto Voador Não Identificado), até já circulam entre nós,
disfarçados de seres humanos. Ocupam até, para nosso espanto, cargos
importantes na ONU, no governo dos Estados Unidos, no Vaticano, na Academia
Brasileira de Letras (ah, ali sim, tem bastante ETs...), em Hollywood, no
Congresso Nacional em Brasília (bah, ali tá cheio também), nas filas para
visitar o Museu do Louvre (cada vez mais extensas por causa deles, fruto do
incremento do turismo espacial), no trânsito das grandes cidades, nos shows de
funkeiras filósofas (ficam curiosos, juram que isso não existe em nenhuma outra
parte do universo), nas nossas ruas, nas esquinas, nas calçadas.
Dia desses, vi um deles sentado
meditando na beirada do Cânion do Itaimbezinho. Apreciava nossa natureza
terráquea exuberante e dizia estar com saudades de sua casa feita de goma de
mascar, da esposa com duas cabeças e dos filhos lindos em formato de bumerangues.
Flagrei o rolar de uma lágrima nostálgica pela rugosa face de crocodilo. Como
dizia Rachel de Queiroz, em crônica de sua autoria que ficou famosa: “Eu por
mim acredito”.
Eu também. Por que não? Tenho
visto ao redor tanto humano desumano que seria imbecilidade não acreditar em
extraterrestres. Parabéns a eles todos pelo seu dia.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 24 de junho de 2014)
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