“Quer pipoca? Posso fazer pipoca
rapidinho, no micro. Tudo a ver, partida da Seleção com pipoca”.
“Sim, pode ser, amor, só sai de
frente da tevê porque já começou, tá legal”?
“Ó, pipoca. Um pote pra você e
um para mim. Bah, e se a gente pendurasse uma bandeira na janela? Toda a rua
está embandeirada, menos nós. Lembra que a gente tem aquela bandeira do Brasil?
Onde será que ela está”?
“Agora não amor, depois do jogo
a gente procura e coloca. Agora senta aqui do lado no sofá e assiste comigo a
partida”.
“Baaahhh! Falta no Neymar! Por
que o juiz não marcou a falta? Ladrão! Sacana! De onde é esse juiz? Vai ver nem
jogam futebol no país dele”!
“Não foi falta, amorzinho, foi
lance normal. Futebol é assim. Jogo de contato”.
“Mas antes foi igual e você
disse que foi falta, e ele também não marcou”.
“Sim, mas ele deu a lei da
vantagem. O jogador que sofreu a falta recuperou rápido a bola e armou o ataque
do time. Não tinha por que parar a jogada”.
“Ah, nada a ver. Olha lá, agora”
Agora ele marcou falta, só porque foi um dos nossos que fez”!
“É que agora foi falta mesmo,
amorzinho”.
“Mas foi a mesma coisa que antes”!
“Não foi. Foi diferente”.
“Ah tá. Quem é que entende? Isso
lá são regras”?
“Mas é assim. Até agora, tudo
certo, o juiz não errou”.
“Olha lá! Olha lá!!! Olha o Fred! Goooolll!!
Goooooooooooll!!! Por que você não vibra?”
“Calma, amor, senta. Não foi
gol, não valeu. O Fred estava impedido, olha lá. O jogo segue normal”.
“Mas que... como que não foi
gol? A bola não entrou lá? Eu vi entrando”!
“Sim, entrou, mas o Fred estava
impedido. O bandeirinha já tinha levantado a
bandeira, não valeu nada”.
“Ah tá... Agora essa. Que eu
saiba, se chuta e entra é gol. Que que é isso agora? Depois tu me vem com essa
de que beisebol e futebol americano é que são esportes que têm regras
esdrúxulas. E quem é que entende isso aí”?
“Amor, senta, por favor... sai
de frente da tel... putz... olha lá! Gol do Brasil e eu não consegui ver!!!”
“Ah, agora é gol, é??? Agora
é???”
“...Amor... por favor... vai lá
fazer pipoca, vai...."
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 14 de junho de 2014)
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