Que a Poesia é uma Arte, e entre
elas uma das mais nobres, isso estamos todos pós-graduados em saber. Que
produzir Poesia, e Poesia verdadeira, com qualidade, com alma e talento, e
ainda com literariedade e valor estético, é também uma Arte, isso sabemos todos
nós que lemos e apreciamos Poesia. Aliás, chegamos até à ousadia de admitir
como Arte o próprio ato de ler Poesia, pois que Poesia não se lê assim de
supetão como se faz com uma notícia de jornal para se informar ou com um cartaz
afixado na porta do banco informando sobre o horário de atendimento.
Não, não, nada disso. Saber
usufruir da essência existente nas linhas escritas e especialmente naquelas
apenas insinuadas no texto poético requer entrega da alma, requer atenção,
exige o reassentamento daquele silêncio interno que muitas vezes relegamos ao
esquecimento durante a correria das horas de nossos cotidianos amalucados.
Saber ler Poesia é também uma Arte, assim como saber produzi-la e assim como
ela, a Poesia, em si, o é. Isso tudo sabemos. O que eu não sabia até
terça-feira de noite é que saber narrar Poesia para um grupo de pessoas, narrar
Poesia com Poesia na fala, é também uma expressão artística de primeira
grandeza.
Quem me ensinou isso, na
prática, ao vivo, foi o professor, escritor e poeta Jayme Paviani, ao longo do
aconchegante bate-papo que protagonizou terça-feira passada, na condição de um
dos convidados da VII Semana do Escritor, promovida pela Academia Caxiense de
Letras e que acontece todas as noites desta semana, desde segunda, no terceiro
andar da Biblioteca Pública Municipal, ali na Casa da Cultura, defronte à Praça
Dante Alighieri. As pouco mais de 30 pessoas que decidiram sair de suas zonas
de conforto na noite fria de terça foram privilegiadas com o presente humano e
estético ofertado pelo palestrante, que mesclou um verdadeiro sarau poético com
observações esclarecedoras, enriquecendo a bagagem pessoal de cada um que
esteve ali.
Houve mais Poesia pairando no ar
naquela noite. Um dos participantes da plateia trouxe junto suas duas filhas de
cerca de 12 anos de idade, para compartilharem em família o encanto pela
literatura. O ato do pai foi poético, e o das filhas, em acompanhá-lo, também
foi. Houve Arte na palestra de abertura com Gilmar Marcílio, conduzida pelo
Grupo Órbita Literária, como também houve no encontro de ontem à noite com José
Clemente Pozenato.
O compartilhamento de Arte,
aconchego e experiências estéticas segue hoje com a professora Cecil Zinani e,
amanhã, com a jornalista Mariana Kalil. Sempre a partir das 20h, e de graça.
Ainda há tempo para dar uma curva na zona de conforto e aconchegar o espírito
com esses encontros poéticos.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de junho de 2014)
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