A data deste 28 de junho de 2014
marca o primeiro centenário do fato histórico que serviu de gatilho para o
início do conflito armado que ficou conhecido como Primeira Guerra Mundial. Foi
nesse dia que, 100 anos atrás, o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando,
herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, foi assassinado junto com a esposa
Sofia, em um atentado realizado em Sarajevo, capital da Bósnia, por
conspiradores separatistas que queriam a criação da Grande Sérvia.
Depois dos tiros, o mundo
prendeu a respiração durante um longo mês em que os esforços diplomáticos
serviram apenas para camuflar o verdadeiro espírito de entusiasmo bélico que
movia as nações (e, incrivelmente, as populações) da maioria dos países
europeus naquela época. Todos queriam a guerra. E como a queriam, a tiveram a
partir de 28 de julho, quando o conflito verdadeiramente começa, com a invasão
da Sérvia pelo Império Austro-Húngaro, seguida pela Alemanha invadindo Bélgica,
Luxemburgo e França. A partir daí, foi-se o boi com a corda ao longo de quatro
penosos anos de uma carnificina ensandecida jamais vista até então na história
do mundo, resultando na morte de 19 milhões de pessoas (esse número total de
vítimas varia, não é conclusivo, por simplesmente ser impossível quantificar o
número verdadeiro de mortos em um conflito de tamanha magnitude).
Esses 100 anos do início da
então chamada Grande Guerra, ou Guerra Europeia, como era conhecida na época,
não servem para celebrar nada, ao contrário. Servem, sim, para reacender a
chama da memória a respeito daquelas posturas e ações que não devem jamais ser
repetidas. Apenas 21 anos depois do término do conflito, que se deu em 1918, o
mundo, que não purgou o problema e não teve tempo (ou não quis tê-lo) de
aprender com o erro, mergulhou novamente no mesmo transe genocida e
protagonizou um conflito imensuravelmente pior: a Segunda Guerra Mundial, de
1939 a 1945.
Neste 28 de junho de 2014, 100
anos depois do estopim da primeira das grandes guerras mundiais que marcaram o
século passado, o que se propõe é uma pausa profunda para cimentar a convicção
de que o mundo não precisa e não merece mais protagonizar eventos daquela
natureza. Que nossas batalhas se restrinjam às disputas fraternas entre nações
dentro das quatro linhas de campos de futebol, como as que ocorrem agora na Copa
do Mundo do Brasil, nas quais a única vítima potencial pode ser, eventualmente,
a bola.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de junho de 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário