O que gosto mesmo nesses jogos
de Copa do Mundo é das zebras. Tem algo mais delicioso do que ser surpreendido
por uma seleção campeã do mundo levando uma goleada histórica já na sua partida
de estreia, como o que aconteceu com a Espanha, batida em 5 a 1 pela Holanda,
dias atrás? O que se espera de uma partida entre essas duas potências europeias
do futebol é um embate equilibrado de forças, resultando em um palatável empate
de zero a zero, 1 a 1, ou mesmo uma vitória sofrida de um dos escretes por um
placarzinho apertado. Mas jamais 5 a 1! Zebra, total.
Isso sem falar dos países
costeiros, que nessa arrancada de Copa do Mundo no Brasil decidiram brilhar um
pouco. Tipo assim: se for para fazer figuração, vamos pelo menos incomodar e
chamar a atenção. E chamam a atenção materializando as zebrinhas nos gramados.
Que o digam os uruguaios, que estrearam perdendo de 3 a 1 para a equipe da
Costa Rica. Se dependesse desse palpite para ficar rico na Loteria Esportiva,
ninguém levaria o prêmio. Até porque, ninguém mais fica rico na Loteria
Esportiva, né, já que estamos a falar em zebras...
E abram os olhos quando a Costa
do Marfim entrar em campo. Basta ver o que fizeram com os japoneses no sábado à
noite, vencendo a seleção do país do sol nascente por 2 a 1, de virada. Por
mais que Zico tenha ensinado o Japão a jogar futebol, quem andou aprendendo
melhor as lições foram os marfinenses mesmo, emplacando mais uma zebra nesse
início de competição. Adoro essas zebras. Exceto quando envolvem a Seleção
Brasileira.
O gol contra do Brasil contra o
Brasil na primeira partida nossa, contra a Croácia, me causou um calafrio
antártico na espinha. Estrear com gol contra, em casa, na tão sonhada segunda
Copa do Mundo no Brasil, não é apenas uma zebra, mas uma manada zebrada. Felizmente
a situação foi revertida em tempo de o azar inicial passar batido, uma vez que
vencemos a Croácia e levamos os três pontos, como era de se esperar. Mas o
aviso foi dado e é preciso estar alerta. As zebras têm como hábito rondar os
estádios de futebol camufladamente. Elas desenvolveram táticas especiais para
se infiltrarem nos estádios burlando a segurança e, quando a gente se dá por conta,
lá estão elas, dentro do gramado, pintando (em listras brancas e pretas) e
bordando gols para quem menos se espera.
Zebra no placar dos outros é
divertido. Mas quando elas começam a forçar a cerca do quintal da nossa casa, é
preciso estar alerta. Quando se trata de Seleção Brasileira, sou conservador:
prefiro a lógica. E a lógica, nesse caso, é Brasiu-iu-iu-iu-iu...
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