Sempre que ouço falar em tigres,
lembro do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), que era fissurado
por esse felino. Borges expressou esse seu fascínio pelo animal em diversas
páginas de sua extensa obra, tanto em poemas (“O Ouro dos Tigres” é um dos mais
famosos) quanto em prosa. A majestade do porte, a beleza das listras
alaranjadas e pretas, a elegância felina mesclada com a ferocidade selvagem,
tudo isso compunha o mistério que Borges pinçava da natureza para transformar
em literatura, na segurança e tranquilidade dos quartos em que escrevia.
Bem diferente da história do
pescador Jamal Mohumad, habitante de Bangladesh, na Ásia, que contabiliza, ao
longo de algumas décadas, a incrível marca de ter sobrevivido a três ataques de
tigres ferozes, famintos e nada literários. Se Borges era fascinado por tigres,
Mohumad é assombrado por eles, na vida real mesmo. Por escapar com vida tantas
vezes, o pescador se transformou em lenda viva (vivíssima) na região em que mora,
onde é comum ocorrerem cerca de 60 encontros entre tigres e humanos por ano
(metade desses contatos termina com os humanos servindo de banquete para os
belos felinos de Borges).
Mas Jamal Mohumad, que é um osso
duro de roer, virou notícia mundial após protagonizar seu mais recente encontro
com um tigre faminto. Ele conta que estava coletando madeira à beira de um rio
quando avistou um tigre a alguns metros dele. Assim que o bicho detectou sua
presença, levantou-se e veio em sua direção. Experiente nessas coisas de
tigres, Mohumad sabia que, se corresse, era batata que o bicho o pegaria e
comeria. Resolveu ficar parado e encarou a fera, que se botou a rugir a um
metro dele. Mohumad fez então caras muito ferozes e botou-se a rugir também.
Rugiu tanto, e tão alto, por tanto tempo, que sua garganta chegou a sangrar. O tigre,
estupefato, com aquilo, acabou dando no pé (ou nas patas) quando chegaram os
amigos de Mohumad, que haviam escutado aquela balbúrdia.
Resumo da história: Mohumad
botou o tigre a correr ao enfrentar a fera olho no olho. Às vezes, a coragem do
encurralado faz toda a diferença.
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