Fosse eu jogador de futebol, não
teria dúvidas: meu sonho seria fazer um gol de bicicleta. Mas não um gol de
bicicleta qualquer (perdão, perdão, em se tratando de gol de bicicleta, nenhum
pode ser classificado como “qualquer”, têm razão, leitores), e sim um gol de
bicicleta que resultasse em virada histórica em partida decisiva para o meu
time conquistar título há muito perseguido. Para ser consagrado pela torcida, penetrar
para a eternidade dentro do coração de cada torcedor, ter estátua erguida na
entrada do clube, ganhar placa (gol de placa, pois não?). Esse seria meu sonho,
na condição de Marcos, o artilheiro.
Agora, se eu fosse compositor
musical, meu sonho seria outro. Meu sonho seria conseguir criar uma canção que
tivesse um refrão maravilhoso, que enchesse de boas sensações a alma de quem a
escutasse e acabasse se transformando em hino de toda uma geração. Que
inspirasse milhares de versões posteriores nas vozes de vários outros cantores,
que figurasse nas coletâneas das melhores canções do século, que embalasse o
início de romances, que fosse trilha sonora obrigatória nos momentos de
felicidade de cada um. Esse seria o sonho do compositor Marcos.
Se eu fosse cientista, sonharia
em descobrir a cura para alguma doença. Se ator de cinema, sonharia em
protagonizar um papel que fizesse jus à arte dramática. Se bailarino, sonharia com
a perfeição da leveza. Se eu fosse astrônomo, passaria as noites em meu observatório,
olhos grudados nos telescópios, singrando estrelas e sonhando com a descoberta
de um planeta habitado com vida inteligente, mas tão inteligente e generosa que
fosse capaz de ensinar a nós, terráqueos, a suprema inteligência do convívio em
paz e harmonia. Se eu fosse astrólogo, sonharia com conjunções astrais que
emanassem poderosas vibrações positivas que envolvessem toda a Terra.
Ah, antes que eu me esqueça. Se
eu fosse meteorologista, sonharia com uma semana inteirinha de acertos totais
nas previsões do tempo, sem nenhum erro sequer, vaticinando chuva em dias em
que chovesse e sol nos dias ensolarados, certinho, certinho. Isso sim, seria
minha maior consagração pessoal! Mas são sonhos, só sonhos...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 18 de novembro de 2014)
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