Imbuída de espírito natalino,
minha esposa já está se ensaiando para ornamentar nossa residência com os
tradicionais enfeites de Natal. Também, já é hora, afinal, estamos a menos de
uma semana da entrada de dezembro e o jingle bells há tempos que pode ser escutado
saindo das caixas de som postadas defronte às entradas de diversas lojas pela
cidade.
Como aqui em casa reina uma
democracia na qual quem manda é ela, acredito que o tal procedimento de enfeitamento
natalino do lar desse final de semana não passa. E aí é aquilo: lá vai o Marcos
tratar de pendurar a guirlanda na porta de entrada, instalar metros de luzinhas
piscantes no parapeito da sacada, revirar metade da casa à procura da árvore
artificial que todos os anos é guardada em um lugar específico e mesmo assim
todos os anos não se encontra no tal lugar específico porém em algum lugar
incerto e não-sabido com o único propósito de testar os limites de minha
paciência natalina. Mas é Natal, releva-se.
O que se passa comigo é que eu
não consigo fazer despertar em mim um sentimento genuíno de Natal antes do mês
de dezembro, como parece acontecer com boa parte das pessoas que, nem bem
entrado novembro, já se botam a enfeitar lares, restaurantes, lojas, shoppings.
Que os estabelecimentos comerciais se antecipem eu até entendo, afinal,
trata-se de estratégia vital e válida para aquecer seus negócios. Mas não
consigo absorver essa exigência de antecipação para dentro de minha vida
particular. Coisa minha, eu sei.
Para mim, é o mês de dezembro o
período que resguarda o espírito natalino, com as cores do Natal, os cheiros do
Natal, as expectativas do Natal, a presença do Papai Noel rondando as casas e
analisando o comportamento de todos ao longo do ano para bater o martelo quanto
à entrega ou não dos pedidos feitos. Mas tudo isso, para mim, em dezembro, em
dezembro, ali em dezembro. Antes disso, ainda me sinto ancorado na realidade
mais crua do cotidiano que tanto nos absorve.
Pensando bem, depois disso tudo
que escrevi aí em cima, não vejo a hora de começar a cumprir as determinações
em relação a guirlandas e luzinhas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de novembro de 2014)
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