Parei para fazer o cálculo.
Fazer cálculos, para um homem que vive de enfileirar letrinhas, sempre se
configura em uma atividade complexa, que requer o aguçar dos sentidos, por mais
prosaica que seja a operação. No caso, tratava-se de uma simples soma, ou
subtração, dependendo do ponto de vista (a matemática, apesar de ciência exata,
também abre flancos para as idiossincrasias alheias, mas eis que tergiverso).
Primeiro, fiz de cabeça a
operação, mas logo decidi repeti-la no papel, colocando números sobre os outros
e tirando daqui e passando para lá, como aprendi a fazer ainda de calças curtas
defronte ao quadro verde. O resultado foi igual. Bom sinal. Mesmo assim, para
não passar recibo de anta frente aos leitores, achei por bem confirmar tudo com
a máquina calculadora, essa que guardo dentro da primeira gaveta da
escrivaninha e que sempre me salva na hora “h” e em todas as demais letras das
horas possíveis e imagináveis (hora “a”, hora “m” et cetera).
Tudo isso para poder começar com
convicção esta crônica (que estranhamente se inicia já pelo meio, coisas que
nem a matemática mais avançada pode prever) afirmando que hoje, 7 de novembro
de 2014, completam-se exatos 2022 anos que o mundo vive sem Mecenas. Mecenas
com “m” maiúsculo, pois me refiro ao cidadão romano Caio Cornélio Galo Mecenas,
nascido em 70 a.C. e que morreu em 8 a.C. O cálculo foi para agregar esses oito
anos aos 2014 da Era Cristã em que vivemos, e quando se trata de a.C/d.C. , as
coisas nunca são tão simples assim.
Caio Cornélio Galo Mecenas foi
um poderoso conselheiro do imperador romano Otávio César Augusto (63 a.C. – 14 d.C.)
e imortalizou seu nome na História por cultivar o hábito de cercar-se de
artistas e sustentá-los, a fim de que pudessem se dedicar às suas criações livres
de preocupações. “Mecenato” e “mecenas” se transformaram em substantivos em
decorrência das ações do personagem histórico. Nos dias de hoje, o mecenato às
artes se dá por meio das ações de empresas conscientes da relevância de seu
papel social e por meio das leis de incentivo. Longa vida a essas leis e ao
exemplo dado por essas empresas.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 7 de novembro de 2014)
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