Que sem graça: o Objeto Voador
Não-Identificado (Ovni) que sobrevoou a região de Santa Maria na madrugada da
última quinta-feira foi plenamente identificado. Ele tem nome, número de série,
pertence à Força Aérea Brasileira e, se formos mais a fundo, é capaz até de ter
RG, CPF e conta bancária. De não-identificado, portanto, não tinha nada e, de
parentesco com um disco voador, somente a sensação que causou nos santa-marienses
insones que filmaram as luzinhas coloridas que piscavam no céu.
Bastou as imagens ganharem as
redes sociais para que, poucas horas depois, um comandante da Base Aérea de
Santa Maria viesse a público explicar que o tal objeto se tratava de uma aeronave
não-tripulada pertencente à Base, conhecida como Vant (Veículo Aéreo
Não-Tripulado). Os Vants, equipados com câmeras, são usados para monitoramento
aéreo. Vai saber o que o Vant estava monitorando àquelas horas da madrugada,
mas, enfim, o mistério está desfeito: não era disco voador, não vinha de outra
galáxia para estudar a raça humana e nem para fazer contatos imediatos. Nada
disso.
Em que pese a frustração dos
ufólogos e dos aficionados por ETs, fico eu cá pensando por que diabos haveriam
de vir até aqui, provenientes de lá das funduras do espaço exterior, objetos
voadores construídos por seres extraterrestres a fim de investigar na surdina o
que andamos nós, terráqueos, fazendo por essas baixezas terrenas? Ora, em
concordando que os tripulantes dos discos voadores são seres muito, mas muito
mais evoluídos do que nós, e mais inteligentes, é de se supor que eles há muito
tempo já sacaram qual é a nossa e, se forem mesmo espertos, já nos largaram de
mão.
Para que insistirem em continuar
vindo até aqui com seus aparelhinhos piscantes apenas para comprovar que, entra
século, sai século, continuamos os mesmos bárbaros egoístas, competitivos,
violentos e atrasados de sempre? Isso eles já estão carecas e verdes de saber.
Deve haver coisa mais interessante do que nós para investigar pelo universo
afora. A nós resta seguirmos nos maravilhando com as luzes de um prosaico Vant
cruzando as madrugadas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de novembro de 2014)
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