Escrevi aqui sexta
sobre a incrível capacidade de comunicação que se estabelece entre dois homens,
quando um deles é garçom e outro é cliente, no processo de solicitar a
materialização de mais uma garrafa de cerveja gelada na mesa do bar ou do
restaurante. Em sendo o garçom do sexo masculino e o cliente também, o pedido será
efetivado sem a necessidade de comunicação verbal, bastando um cruzar masculino
de olhares acompanhado de gestos específicos, para que ela, a cerveja, seja
devidamente reposta.
Algumas mulheres minhas
leitoras me enviaram e-mails inquirindo se eu estava a desconfiar da (ou a
desmerecer a) capacidade que elas, quando apreciadoras de cerveja, também
possuem de solicitar ao garçom a reposição cervejal. Não, nada disso. Apenas
afirmo que a comunicação, no caso do homem-garçom e da mulher-cliente, se dá de
maneira diferente do que quando a equação é absolutamente masculina.
Mulheres não sabem
fazer os gestos típicos masculinos de solicitação muda à distância de uma nova
cerveja nesta mesa, por favor, e rápido, e mais gelada, pô, meu. Mulheres são
mais doces, mais cândidas, mais singelas, mais complexas, mais civilizadas,
mais evoluídas, mais elegantes, mais cheirosas, mais românticas, até mesmo na
hora de pedir a simples reposição de uma cerveja. Elas também conseguem pedir,
mas é diferente. Vejamos.
Antes, que fique bem
claro que não importa a marca da cerveja a ser pedida. Pode ser uma Lhama
Chopp, uma Islândica, uma Freskol, uma Molar, uma Desbravária, uma Morromalte,
uma Nohêmia, uma Nova Spin, uma Bagaça, uma Kustáiser ou mesmo as antigas
Esmalte 90 ou Xingariol, as mulheres cervejeiras também amam cerveja e, quando
em bando, sabem fazer o garçom repor na mesa a garrafa vazia. Porém, garçom que
é garçom jamais compreenderá de longe um pedido gestual de mulher por uma nova
cerveja na mesa.
O garçom que é garçom
vai se fazer de desentendido e vai se aproximar da mesa das mulheres. Vai mirá-las
nos olhos, vai acompanhar com o olhar o movimento dos sensuais lábios úmidos de
cerveja delas na formulação do pedido, vai usufruir de seu perfume ao se
movimentar entre elas para resgatar a garrafa vazia, para só então retornar ao
balcão e trazer a nova garrafa. Garçom que é garçom sabe atender
personalizadamente a homens e a mulheres na hora do pedido por uma nova
cerveja.
Em tudo, meus amigos,
há ciência.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 14 de março de 2014)
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