Aconteceu de novo dia desses, quando eu cruzava apressado a Praça Emancipação rumo a algum compromisso. Fazia tempo que não acontecia. Sequer lembrava da possibilidade de fatos dessa natureza ocorrerem. Não estava prevenido. Se fosse parar para pensar sobre o assunto – coisa que não fiz -, chegaria a imaginar que fatos assim não ocorressem mais, fossem coisa do passado, eventos característicos dos tempos da infância.
Porém, contrariando toda a minha crença nas leis das probabilidades, aconteceu novamente naquela tarde em plena Praça Emancipação, próximo à prefeitura. Plof! A região esquerda de minha cabeça (incluindo aí a orelha, a haste do óculos de sol e fiapos do cavanhaque) e meu ombro foram subitamente atingidos pela mira do pombo traiçoeiro e deselegante. A julgar pelo volume arremessado, inclinei-me a supor que a ave em questão andava se dedicando a uma dieta de engorda proporcionada pelos farelos generosamente distribuídos a ela e a seus pares pelos tradicionais ocupantes dos bancos da praça. E deve ter sido treinada por algum esquadrão antiterror norte-americano, porque andava (ou voava) muito bem de mira.
O que fazer numa situação dessas, a partir do instante em que você encerra a sequência de vitupérios endereçados ao maldito bicho e dá uma pausa nas maldições lançadas contra a maré de sorte, que, em sua praia, parece não estar dando bom pé? Carrego comigo uma pasta de trabalho, na qual enfio de tudo o que julgo que haverá de me ser útil durante as jornadas pela urbe, como agendas, canetas, livros, halls, documentos. Exceto paninhos perfumados. Minha mãe sacou da bolsa paninhos perfumados para limpar a nojeira de si mesma quando foi ela vítima de situação semelhante em Ijuí, setecentos anos atrás, quando eu era criança. Eu não tenho bolsa, tampouco sou mãe... portanto, vi-me desamparado e irremediavelmente imundo em plena praça, numa tarde ensolarada.
Amenizei o problema recorrendo a um banheiro público, ali próximo. Em casa, à noite, depois de minha esposa parar de rir, senti-me grato por viver em uma época em que ainda há pássaros voando sobre nossas cabeças. Mas mais grato ainda pela sabedoria da Mãe-Natureza, que não fabricou elefantes com asas...
Porém, contrariando toda a minha crença nas leis das probabilidades, aconteceu novamente naquela tarde em plena Praça Emancipação, próximo à prefeitura. Plof! A região esquerda de minha cabeça (incluindo aí a orelha, a haste do óculos de sol e fiapos do cavanhaque) e meu ombro foram subitamente atingidos pela mira do pombo traiçoeiro e deselegante. A julgar pelo volume arremessado, inclinei-me a supor que a ave em questão andava se dedicando a uma dieta de engorda proporcionada pelos farelos generosamente distribuídos a ela e a seus pares pelos tradicionais ocupantes dos bancos da praça. E deve ter sido treinada por algum esquadrão antiterror norte-americano, porque andava (ou voava) muito bem de mira.
O que fazer numa situação dessas, a partir do instante em que você encerra a sequência de vitupérios endereçados ao maldito bicho e dá uma pausa nas maldições lançadas contra a maré de sorte, que, em sua praia, parece não estar dando bom pé? Carrego comigo uma pasta de trabalho, na qual enfio de tudo o que julgo que haverá de me ser útil durante as jornadas pela urbe, como agendas, canetas, livros, halls, documentos. Exceto paninhos perfumados. Minha mãe sacou da bolsa paninhos perfumados para limpar a nojeira de si mesma quando foi ela vítima de situação semelhante em Ijuí, setecentos anos atrás, quando eu era criança. Eu não tenho bolsa, tampouco sou mãe... portanto, vi-me desamparado e irremediavelmente imundo em plena praça, numa tarde ensolarada.
Amenizei o problema recorrendo a um banheiro público, ali próximo. Em casa, à noite, depois de minha esposa parar de rir, senti-me grato por viver em uma época em que ainda há pássaros voando sobre nossas cabeças. Mas mais grato ainda pela sabedoria da Mãe-Natureza, que não fabricou elefantes com asas...
(Crônica publicada no jornal Informante, de Farroupilha, em 24 de junho de 2011)
3 comentários:
Dizem que significa sorte.
Só desconfio que quem espalhou isso nunca foi atingido. :)
Marcos,
Lendo o texto, lembrei-me de um conhecido que usava diariamente camisas sociais. Um dia, ele estava sentado do lado de fora da sua casa, lendo seu jornal, quando tomou um "tiro" exatamente dentro do bolso da camisa. Nunca vi tamanha precisão por parte de uma ave.
Um abraço
Guilherme
hahaha mas que cena! Pois olha, faz desde piá que não sou vítima destas "pombas deselegantes"... felizmente!
O negócio, dr. Kirst, é pegar e cantar em bom tom a boa "homenagem" que os Mamonas Assassinas fizeram às temerárias cagantes aladas: "as pombas quando avoam / por incrível que pareça / ficam sobrevoando, com seu c* 'amirando' / sobre nossas cabeças /// Aí vem a rajada / de sua bazuca anal / já tem pomba com mira laser / o tiro sai sempre fatal!
:-D
J.Cataclism
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