Erico Verissimo passeava pelas ruas da Filadélfia, na Pensilvânia, no início de 1941, quando um cartaz afixado junto ao caixa de um estande de jornais lhe chamou a atenção pelo que nele estava escrito:
- Se nós não lhe dissermos muito obrigado, pode pedir o dinheiro de volta.
O escritor gaúcho classificou o aviso como “curioso”, e seguiu sua perambulada observando outros aspectos do cotidiano, dos hábitos e dos costumes dos norte-americanos, conforme relatou depois da viagem, no livro “Gato Preto em Campo de Neve”, lançado em 1941 e que agora eu leio. Verissimo passou algumas semanas em solo americano a convite do Departamento de Estado daquele país, que desenvolvia uma “política de boa vizinhança” com o Brasil, às vésperas de ingressar no conflito que viria a ser conhecido como a Segunda Guerra Mundial. Era interesse dos EUA propagandear o “estilo de vida americano” para intelectuais brasileiros que amplificassem as benesses da democracia livre e da sociedade capitalista, afastando a sombra do namoro que, na época, o governo getulista insinuava com os países do Eixo.
Verissimo relatou tudo o que viu em um saboroso livro de crônicas e reflexões de viagem, no qual exercita a capacidade de registrar o curioso e espantar-se com as pequenas coisas que revelam a alma de um povo. Como uma placa assegurando ao consumidor o seu direito inalienável de ser bem tratado pelos funcionários do estabelecimento. A frase da plaquinha significa que todos os clientes do tal estande de jornais eram tratados com cortesia pelo estabelecimento que escolhiam para deixar seu dinheiro. É o mínimo que se pode esperar, especialmente em uma sociedade cuja economia é embasada no princípio da livre concorrência, onde qualquer detalhe faz a diferença, podendo significar a conquista eterna ou a debandada decidida de milhares de clientes, determinando a saúde do negócio.
Decidi imprimir centenas de milhares de plaquinhas com o mesmo dizer e vendê-las a preços módicos a comerciantes, empresários e prestadores de serviços em geral aqui na Serra. A acachapante maioria deles está precisando do conselhinho básico. E prometo agradecer e até sorrir a todos os que adquirirem meu produtinho.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de janeiro de 2012)
Um comentário:
Marcos, faz um estoque grande, beeem grande, porque apesar de não se saberem necessitados, a maioria dos estabelecimentos locais precisa do produto, hehe!
Abraço!
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