sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Socializando na faixa



Não é em coquetéis, não é em bares, não é em eventos beneficentes, não é em festinhas de final de semana, não é em eventos culturais nem em reuniões sociais. A bem da verdade, meu local preferido para contatar pessoas, rever amigos, encontrar conhecidos há muito desaparecidos, fazer contatos importantes, mostrar-me vivo, trocar cartões ou números de telefone e socializar em geral é... a faixa de segurança! As faixas de segurança, todas elas, assim, no plural.
Sou vidrado em faixa de segurança. Gosto do formato rápido, jovial e direto que caracteriza os encontros que se materializam sobre as faixas zebradas que adornam as esquinas dos centros urbanos. Ali não há espaço e nem tempo para rodeios. Encontrar-se com alguém sobre uma faixa de segurança requer uma muito bem desenvolvida capacidade de síntese e foco social, habilidade essa cultivada por poucos, muito poucos.
Ali, em meio às passadas rápidas que damos mirando a segurança da outra margem da calçada (sim, porque, segurança, mesmo, só obtemos nas calçadas, e não sobre as faixas que levam esse nome), é preciso saber ser objetivo quando ocorre o encontro com outro frequentador desses ambientes urbanos. Se ficar enrolando, o resultado do encontro poderá vir a ser uma estada mais prolongada em um leito de hospital (isso, na melhor das hipóteses) depois que o sinal trocar do vermelho para o verde. É um esporte radical, sim, mas para poucos.
Outro dia encontrei Jair na faixa localizada na esquina da Sinimbu com a Visconde de Pelotas. É ali que normalmente nos encontramos. Mais uma vez, desenvolvemos nosso habitual diálogo de faixa de segurança:
“E aí, como v...?”, perguntei eu, vindo.
“... do ótimo, e tu?“, respondeu ele, indo.
Pronto! Mais um tapinha nas costas que acabou pegando no cotovelo e estava solucionado outro produtivo, simpático, moderno, civilizado e agradável encontro social casual de faixa de segurança com o Jair. E quem disse que é preciso muito mais do que isso? Já trocamos discos e livros sobre a faixa de segurança. Já contei e escutei fofocas nelas. Mandei lembranças, prometi ligar, falei piadinhas, sorri. Semana que vem, marquei um café sobre uma delas. Veremos se sobrevivo...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 27 de janeiro de 2012)

Um comentário:

Anônimo disse...

Salve, Kirst!
Cara, muito legal aquele teu texto que saiu....










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"Veremos se sobrevivo..."

Hahaha!
Tri massa! Boa sorte...

:-)

J.Cataclism