quinta-feira, 16 de abril de 2015

O alvo Berlim

Exatamente 70 anos atrás, no dia 16 de abril de 1945, começava a ser escrito um dos capítulos mais definitivos, cruéis e sangrentos da história recente da humanidade. Às cinco horas da manhã daquela segunda-feira, o marechal soviético Georgy Jukov, comandante-em-chefe do Exército Vermelho, deu a ordem para que a artilharia começasse o bombardeio da cidade de Berlim, então capital do Terceiro Reich, o império nazista baseado na violência, no racismo, no assassinato e na insanidade que Adolf Hitler instalou na Alemanha e quase conseguiu impor ao mundo.
A data marca o início da Batalha de Berlim, aquele que seria o ato final da Segunda Guerra Mundial no palco europeu, culminando com o suicídio de Hitler em seu bunker em 30 de abril e com a rendição da Alemanha em 8 de maio, sete décadas atrás. A Segunda Guerra ainda se arrastaria por mais três meses devido à continuação do conflito entre os Estados Unidos e o Japão, até a rendição nipônica após as bombas atômicas norte-americanas que dizimaram Hiroxima e Nagasaki, em agosto.
A Batalha de Berlim foi um episódio cruento, em que a capital alemã foi arrasada pela ação das tropas soviéticas, deixando dezenas de milhares de mortos em ambos os lados. No lado alemão, a população civil que ainda residia na cidade sofreu tanto quanto os militares, até porque, àquela altura, Hitler havia transformado praticamente toda a população em combatentes, não poupando mais nem velhos nem crianças da obrigação de empunharem armas para defender o indefensável. A batalha durou três semanas, nas quais a guerra chegou a cada rua, a cada esquina e a cada prédio de Berlim, fazendo literalmente vir abaixo e enterrar-se em ruínas o projeto nazista de controlar o mundo à base do ódio e da discriminação.

O preço pago pelas nações aliadas para combater, enfrentar e derrotar o nazismo foi um dos mais altos já assumidos pela humanidade, em um esforço conjunto para manter vivos os valores éticos e morais que precisam reger as sociedades que se pretendem civilizadas. O mundo que temos hoje, apesar de todas as suas inúmeras imperfeições, é inimaginavelmente melhor do que o doentio pesadelo sonhado e quase concretizado por Hitler. Devemos isso a cada cidadão, anônimo ou não, que deu seu sangue, seu suor e suas lágrimas para enfrentar o mal, 70 anos atrás. E isso não pode ser esquecido.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de abril de 2015)

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