quinta-feira, 29 de julho de 2010

Apadrinhando a Leitura

Uma mescla de sensações me toma desde o início da noite de quinta-feira da semana passada, 29 de julho, quando recebi oficialmente o convite (e o aceitei) para ser o Patrono da 26ª edição da Feira do Livro de Caxias do Sul, que ocorre de 1º a 17 de outubro, na Praça Dante Alighieri. Apaixonado pela leitura e pelo universo dos livros desde sempre, tenho meu histórico de quatro décadas mergulhado em literatura coroado pelo surpreendente convite, que traz consigo uma responsabilidade inimaginável. Excitado, nervoso, feliz, lisonjeado, preocupado... todas essas sensações encontram um pouco de amparo na consciência de que estarei trafegando em meio ao aquário em que mais me sinto à vontade desde que me conheço por gente: o planeta composto por livros, autores, livreiros, editores e leitores.
Sou muito grato pela confiança depositada pela Secretaria Municipal da Cultura, pelo Programa Permanente de Estímulo à Leitura (PPEL), pela recém-criada Associação dos Livreiros Caxienses e pela Secretaria Municipal de Educação, entidades que puxam a frente da Feira. Espero desempenhar à altura das expectativas o papel que se almeja de um Patrono de Feira do Livro, a exemplo das brilhantes participações recentes que pude presenciar nas figuras de outros ex-patronos.
Meu inesgotável encantamento com a leitura e com o universo dos livros deve ter nascente em alguma fonte secreta escondida nos subterfúgios de minha psiquê. É nela que buscarei as energias para apadrinhar a Feira, junto com o apoio de familiares, amigos e colegas amantes dos livros. A companhia de Frei Aldo Colombo abrilhanta a empreitada, uma vez que ele compartilha comigo o desafio na condição de justíssimo homenageado desta edição.
O tamanho do desafio aceito é a chave para engrandecer o desafiado, já dizia Herman Melville, ao compartilhar a grandeza da narrativa que ele se punha a escrever em seu “Moby Dick”: “Dai-me uma pena de condor! Dai-me a cratera do Vesúvio por tinteiro! Amigos, firmai meus braços!”. A sorte está lançada, o desafio está aceito. Uma boa Feira do Livro 2010 a todos, repleta de boas leituras.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 06/08/2010)

domingo, 25 de julho de 2010

A gangue dos sinceros

O senso comum, as ideias pré-estabelecidas, os jargões, as frases feitas, os preconceitos, as verdades dos outros repetidas mecanicamente, são coisas que sempre me incomodaram e parece que têm o poder de me incomodar com maior intensidade à medida em que avanço calendário adentro. Escolho um representante desse grupo de atitudes para servir de exemplo a ser explorado na crônica de hoje.
Sinto calafrios terríveis que me sobem do dedinho do pé espinha acima até eriçar os pelinhos do meu pescoço quando escuto alguém repetir a malfadada frase “ah, eu sou uma pessoa muito autêntica, eu digo tudo o que penso, sou muito sincera”. Imediatamente meu Radar Tabajara Para Frases Feitas entra em ação e coloca em alerta todas as minhas defesas sociais. “Cuidado”, penso eu, “estamos diante de um grosso em potencial”. Ato contínuo, se comprovada a tese derivada do alerta (e quase sempre a comprovação vem rapidinho), dou um jeito de me afastar do dito-cujo “autêntico”, porque seguramente lá vem bomba. E das grossas.
Essas minhas quatro décadas - e mais o troco - de vida e de convivência com meus semelhantes me ensinaram algumas coisas, e cheguei à conclusão de que existe uma fronteira muito frágil separando a tal “autenticidade” e a tal “sinceridade” da simples permissão autoconferida para ser meramente grosso. Dizer o que pensa nem sempre é uma atitude civilizada, ou elegante, ou mesmo socialmente estratégica. Na maioria das vezes, acaba descambando, além da já citada grossura, para a mais banal burrice mesmo.
Exemplo prático que ajuda a ilustrar aquilo que até agora só se está falando em tese: um amigo convida você e sua esposa para jantar na casa dele, sábado. Você não sabe (já se pensasse um pouquinho, poderia pelo menos imaginar), mas seu amigo ficou a semana inteira elaborando o cardápio, foi ao mercado, escolheu ingredientes frescos, não economizou na compra do melhor vinho para acompanhar, deixou de lado o descanso do final de semana e passou a tarde inteira na cozinha se esmerando para oferecer-lhe um manjar inesquecível. E você, autentiquinho como gosta de dizer que é, não poupa “sinceridades” à mesa: “o arroz deveria ter ficado mais tempo cozinhando”, dispara você, com sinceridade. “Os filés fritaram demais”, emenda, autêntico. Resultado: se tivesse usado a boca para simplesmente mastigar o rango e de vez em quando grunhir um “hummm” de satisfação, certamente voltaria a ser convidado. Já faz uns dois anos e nunca mais foi chamado, não é mesmo? Pois é: viva a sua sinceridade.
O que aprendi (bem cedo, aliás), é que o exercício da elegância requer saber relevar os eventuais erros dos outros e valorizar as boas intenções. Para nosso próprio bem, sugiro usarmos mais a elegância ao invés dessa duvidosa “sinceridade” que anda pautando as posturas das gentes. Sinceramente...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, em 23/07/2010)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Brasil aos 44 do segundo tempo

Agora, então, terminada a Copa do Mundo da África do Sul, baixou uma sensação de ansiedade geral em relação à necessidade de prepararmos o Brasil para a próxima edição do torneio, previsto para acontecer em plagas verde-amarelas em 2014. O Coelho Branco de Alice saiu da toca e anda correndo para lá e para cá, metendo-se pelo meio dos pés de todos, relógio-despertador na mão (na pata, né), vaticinando “É tarde, é tarde, é tarde, é muito tarde”... Pois é, na minha opinião de velho ranzinza e rabugento, é tarde mesmo, mas fazer o quê...
Está na pauta do dia dos jornais, dos debates e dos programas dos candidatos às eleições as questões referentes à infraestrutura necessária para que sejamos capazes de sediar, sem vergonhas (ah, o bom uso das vírgulas e dos hífens, perceberam, seus sem-vergonha?), o portentoso evento que promete trazer hordas de turistas, muitos dólares, holofotes internacionais e astros da bola. E o que vemos são jornalistas e candidatos e atuais administradores e empresários e palpiteiros de todas as castas rezando em coro que precisamos correr não só para preparar (leia-se reconstruir) os estádios para que atendam às exigências da Fifa, mas também cumprir as demais demandas da Federação Internacional de Futebol.
Que demandas são essas? Ora, a Fifa quer que o país-sede da Copa do Mundo (de QUALQUER Copa do Mundo) disponha de uma rede de transportes em perfeitas condições (tradução simultânea: estradas em ótimo estado de conservação, transporte urbano positivo e operante, sinalização abundante e compreensível etc); aeroportos operacionais; sistema de segurança ativo e competente; opções de lazer e turismo; gente afável, hospitaleira e capaz e se comunicar em inglês (quatro anos para aprender a diferenciar “thank you” de.... bem..... deixapralá) e por aí afora.
Em resumo bem resumido, ficamos assim: temos quatro anos para construir um país apresentável para os padrões da Fifa. Oito semestres para fazermos tudo aquilo que não conseguimos fazer desde que nossos índios avistaram caravelas poluindo as nossas até então imaculadas praias, quinhentos e tantos anos atrás. Duzentas e poucas semanas para maquiarmos o país. Sim, porque, pelo jeito, os padrões da Fifa são bem diferentes dos nossos níveis nacionais de exigência, afinal, quem é que precisa de segurança, saúde, educação, lazer, estradas, metrô, ônibus no horário para ser brasileiro? A gente vem dando um jeitinho e vai levando desde sempre, oras bolas.
E vem cá, as cláusulas de exigências da Fifa incluem também a necessidade de um povo cumpridor de leis, observador de regras civilizadas de convivência, pagador de tributos, respeitador de regras de trânsito, observador de lei do silêncio e por aí afora? Ou podemos continuar sendo os bárbaros mal-educados e incivilizados que somos desde sempre, jogadores de casca de banana na calçada, que não tem problema, desde que os estádios estejam bonitinhos e confortáveis? Ah, bom, então tudo bem, ufa! Achei que eu também teria de mudar!!!!!!!!!!!
(Crônica publicada no jornal Informante, de Farroupilha, em 23/07/2010)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cuidado: você tem o direito de ser mal atendido

Eeeeeita paisinho (diminutivo desabonador da palavra “país” mesmo) esse nosso, hein, tchê?! Olha só a notícia que a imprensa veiculou esta semana: governo federal e empresas pertencentes a três setores (bancos, telefonia e grandes redes de varejo) firmaram um acordo público no qual as ditas empresas se comprometem a cumprir metas de diminuição do número de reclamações a que são submetidas por intermédio dos Procons existentes em todo o país.
Os três segmentos foram escolhidos por serem justamente aqueles que mais acumulam queixas e reclamações dos usuários e clientes. Quem, afinal de contas, não teve problemas absurdos decorrentes de mau atendimento, desleixo ou mesmo má-fé por parte de instituições financeiras, grandes lojas ou telefonia? Dia desses, ficamos sabendo que um senhor de idade morreu de ataque cardíaco por não conseguir (simplesmente NÃO CONSEGUIR) cancelar via 0800 uma linha de internet. Absurdos desse porte andam acontecendo em nossa pátria amada, salve, salve.
Então, o negócio ficou acertado assim: banco X, que em 2009 teve 63.489 processos movidos via Procons, compromete-se em reduzir esse pavoroso índice de mau-atendimento em 13,8% em 2010, baixando o número para “apenas” 54.689 casos. Ou seja, se você é cliente do tal banco, e como ainda estamos recém no primeiro semestre, cuidado: a meta deles ainda não foi atingida, pois admite-se que, em 2010, mais de 54 mil clientes ainda sejam lesados com mau-atendimento. Viu só como é a coisa? Lindo, né? Que prova de civilização, não é mesmo?
Uma primeira leitura superficial do fato pode, aparentemente, indicar a existência de uma BOA notícia. Mas não é bem assim. O acordo, no final das contas, chancela, ou abona, ou avaliza, a permanência de números exorbitantes de casos de mau-atendimento, como aceitáveis. Pois não são aceitáveis. Banco, loja, telefonia atendendo mal é inaceitável em qualquer caso. O índice aceitável de mau atendimento é zero. Somente zero. E nada mais além de zero. Sou cliente. Quero (exijo, tenho o direito de) ser bem atendido SEMPRE em TODOS os bancos, em TODAS as lojas, por TODAS as empresas de telefonia, e de esgoto, e de prestação de serviços, e restaurantes, e butecos sujos e encardidos, e no serviço público, e pelo vendedor de espetinho de gato na saída do estádio de futebol. SEMPRE. Quero e tenho o direito de ser SEMPRE muito bem atendido.
Não admito ser um dos 54 mil e tantos que serão mal atendidos pelo banco X em 2010. Ainda estou à espera da verdadeira boa notícia... Tipo: “Procons fecham as portas em todo o país por inexistência de queixas de mau-atendimento”. Aí sim, né.
(Crônica publicada no jornal Informante, de Farroupilha, em 23/04/2010)

domingo, 18 de julho de 2010

Para quem ainda sabe onde encontrar o tempo perdido

Vivemos uma era de overdose de informações, em que um leque crescente de mídias disputa diariamente a nossa atenção, dando-nos aquela sensação incômoda de que já não temos mais tempo para nada, e de que a vida passa cada vez mais rápido. Tanto durante os turnos de trabalho quanto nas horas de lazer, somos alvos dos chamariscos constantes feitos pela internet, pela televisão, pelas tevês a cabo, pelos filmes nas locadoras e nos cinemas, pelo acesso fácil à música, pelas revistas especializadas em todos os tipos de assuntos, pelos jornais, pelas rádios, pela multifuncionalidade crescente de engenhocas como telefones celulares, aparelhos de MP3, MP4, MP5, notebooks, laptops, pagers, palms e assim por diante.
O acesso à cultura e à informação está tão facilitado que já não é mais possível viver uma única vida para dar conta daquilo que a tecnologia nos serve de bandeja. Podemos assistir a qualquer filme (lançamento ou clássico), podemos obter qualquer disco ou música específica, podemos ler nossas revistas preferidas pela internet, podemos assistir a fatos históricos em tempo real, podemos cada vez mais tudo e, se nos deixarmos engolfar por essa onda de possibilidades, perceberemos rapidamente que não temos condições de dar conta de tudo o que gostaríamos de consumir e de fazer, pois não haverá tempo hábil.
Frente a esse quadro, temos duas opções: frustrarmo-nos à medida em que tentamos equilibrar consumo com tempo (e retroalimentarmos assim indefinidamente nossa frustração) ou resignarmo-nos a adotar uma postura lúcida frente à situação, resgatando para nós mesmos o controle e o comando sobre o que fazermos com o tempo que temos, criando prioridades, separando joio de trigo, voltando a respirar. É para esse segundo grupo, penso eu, que os livros continuam e continuarão a ser objetos que apresentam significado e valor, permanecerão estabelecendo diálogo e prosseguirão mantendo o status de mídia cobiçável. Só não sei por quanto tempo ainda.
O gênio literário francês Marcel Proust protagonizou um resgate milimétrico da memória ao empreender a compilação de sua obra-prima “Em Busca do Tempo Perdido”, no nascer do século XX, texto que atravessa as gerações encantando os cada vez mais raros leitores que se aventuram pelas saborosas páginas dos sete volumes da saga psicológica ali retratada. Creio que o desafio que nossa raça de leitores (ameaçada pelo risco iminente de extinção) enfrenta nesse alvorecer do século XXI é justamente encontrarmos meios de resgatar o tempo não ainda perdido, mas esse que parece passar voando por entre nossas próprias biografias, domesticando-o, domando-o, desacelerando-o em favor da retomada da sensação de sabor de viver. Quero crer que um aliado crucial para esse processo é o livro.
Bibliotecas e livrarias transformam-se, ao meu ver, nessa era da velocidade absoluta, em templos dedicados ao resgate de um ritual que nos reconecta com um ritmo mais manso e ameno de vida. O ritual da leitura, em suas exigências de silêncio, concentração, introspecção e entrega é, creio, o único bálsamo possível e viável para a reconquista de um ritmo mais humano de existir. Vou morrer acreditando nisso. Quem viver lerá.
(Publicado na seção Planeta Livro da revista Acontece Sul, edição de abril de 2010)

Passagem de graça ao País das Maravilhas

(O escritor Lewis Carroll, autor das aventuras de Alice em seu País de Maravilhas)

Se é verdade que a Arte imita a Vida, verdadeiro é também que a Arte retroalimenta indefinidamente a própria Arte. Cinema e literatura, por exemplo, são duas expressões artísticas que parecem ter sido criadas uma para a outra, tamanha a capacidade que uma tem de inspirar e insuflar novos ventos na outra. Vem sendo assim desde o nascimento da chamada Sétima Arte, que tem nas obras impressas uma de suas maiores fontes de inspiração para recriar nas telas a magia pela qual o cinema se caracteriza.
Transformar em roteiros cinematográficos os enredos, as situações e os personagens gerados nos livros por escritores no transcorrer dos séculos é meio caminho andado (dependendo da competência de produtores, diretores, roteiristas e atores) para alcançar sucesso nas salas de cinema. A recíproca se dá de forma direta: não poucas são as obras e mesmo os autores que têm suas famas redespertadas ou finalmente descobertas devido ao sucesso alcançado por suas transposições cinematográficas.
Recentemente, as atenções dos novos leitores foram direcionadas para a obra clássica do escocês Arthur Conan Doyle (1859 – 1930), criador do detetive londrino Sherlock Holmes, devido à renovação que o personagem ganhou nas telas de cinema com o filme estrelado por Robert Downey Jr no papel-título. Apesar do desempenho mais do que convincente do ator, a narrativa e o andamento do filme foram enfadonhos, situando-se aquém do eu se esperava em se tratando de um dos ícones da literatura universal. O que não impediu, no entanto, que o interesse pelas aventuras do cerebral detetive fosse reavivado e os títulos, durante alguns meses, voltaram às vitrines das livrarias em boa parte do mundo.
O mesmo acontece agora com as aventuras de Alice, a menina que frequenta o País das Maravilhas em sonhos, criada pelo escritor inglês Lewis Carroll (1832 – 1898) e revisitada agora nas telas pelas lentes do diretor Tim Burton. Mais do que apenas uma adaptação do livro, o enredo do filme parte do pressuposto de uma Alice um pouco mais velha, agora com 19 anos, distante 10 anos das aventuras que vivenciou junto ao Chapeleiro Maluco, à Rainha de Copas e ao Coelho Branco. O show de efeitos especiais e a presença de atores como Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Anne Hathaway no elenco vêm garantindo o sucesso nas telas e também a revitalização das obras originais (“Alice no País das Maravilhas” e “Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Lá”) nas prateleiras das livrarias.
Para quem pretende aproveitar a onda e mergulhar na leitura dos textos originais (e eu reforço a intenção, pois trata-se de ótima leitura), vão aqui algumas informações que julgo interessantes em relação à obra e ao autor. Em primeiro lugar, “Alice” é muito mais do que apenas uma pretensa obra para crianças. Até pode ser lida dessa maneira, uma vez que Carroll as escreveu (são dois livros, já citados acima) tendo como público-alvo primeiro sua amiga Alice Liddell, então com 10 anos de idade. Ao contrário do que o sensacionalismo gosta de pregar, Carroll não era pedófilo (jamais comprovou-se nada nesse sentido contra ele); apenas apreciava produzir fotos artísticas (técnica novíssima à época) de meninas, e encantava-se com o mágico mundo da lógica infantil.
Lewis Carroll é, na verdade, um anagrama (palavra formada por transposição de letras), um pseudônimo criado a partir do nome verdadeiro do autor: Charles Lutwidge Dodgson. Ele trocou a ordem das iniciais de seu nome verdadeiro (C.L. para L.C.), e criou um novo nome a partir daí: Lewis Carroll. Além disso (e obviamente não por coincidência), as novas iniciais, quando pronunciadas em inglês, produzem um som muito parecido com o nome de sua musa inspiradora da personagem: Alice. Experimente dizer L.C. em voz alta, em pronúncia inglesa...
Jogos mentais dessa natureza são o insumo fundamental para a criação da obra literária imortal de Carroll, que agora temos uma oportunidade sazonal interessante para conhecer e/ou redescobrir. Basta seguir as pegadas do Coelho Branco, porque, afinal de contas, para a boa leitura, jamais “é tarde, é tarde, é tarde, é muito tarde”...
(Publicado na seção Planeta Livro da revista Acontece Sul, edição de maio de 2010)

Quem morre antes: o livro ou o leitor?

Aos poucos, começo a achar que o advento da internet e da vida online não configuram Cavaleiros do Apocalipse cuja missão secreta e maquiavélica é acabar com a raça dos livros impressos. Ao que tudo indica, a estimativa de vida dos códices como nós os conhecemos ainda é longa, não há motivo para mais choro, desespero e ranger de dentes. Aliás, o tempo e as energias gastos se martirizando frente a um discutível ocaso dos livros feitos em papel palpável deveriam ser melhor empregados lendo livros e/ou estimulando a leitura e a aquisição de obras interessantes. Só assim estaremos concretamente fazendo frente à temerária extinção dos livros, impedindo que, antes deles, desapareçam mesmo é os leitores.
Apesar de toda a histeria que surge quando se fala em livros cibernéticos e textos digitalizados, os números relativos ao tradicional mercado livreiro ao redor do planeta desmentem os prognósticos catastrofistas direcionados ao produto livro-de-verdade-impresso-em-papel-e-encadernado-com-capa. Editoras surgem como negócios viáveis e rentáveis a torto e a direito e lança-se e edita-se livros como nunca antes na história da humanidade. E as estatísticas falam por si: segundo pesquisas internacionais, 700 mil novos títulos foram publicados ao redor do mundo em 1998. Em 2003, foram 859 mil novos títulos. Em 2007, o número de novas obras chegou a 976 mil. Seguramente a Terra já está colocando no mercado um milhão de novos títulos de livros à venda por ano. Sem falar nos relançamentos de obras consagradas e de reedições de títulos que caem no gosto do público.
Isso tudo, reforce-se bem, refere-se aos livros “livros-mesmo”, aqueles objetos sólidos que a gente pega com as mãos e lê na cama, no quarto, leva junto na pasta ou na bolsa, carrega no ônibus ou na fila do banco. Não me parecem, na verdade, serem seres que pertençam a uma espécie em extinção. Repito que temo mesmo é pelo sumiço da raça dos leitores muito antes do desaparecimento dos livros. Minha visão de final dos tempos é um mundo em que os livros de repente se vejam órfãos de leitores, e não o contrário. Convenhamos que meu pesadelo é bem mais assustador e, por isso mesmo, mais próximo da realidade do que um inverossímil fim dos livros. Infelizmente.
De acordo com outra recente pesquisa feita entre estudantes franceses, 43% deles (tirei esses dados todos da leitura do livro “A Questão dos Livros”, do autor norte-americano Robert Darnton) consideram o cheiro como uma das características mais importantes dos livros impressos. Importante a tal ponto que eles evitam adquirir livros eletrônicos, desprovidos de características odoríferas (e de literatura e de cheiros, convenhamos, os franceses entendem). Ou seja: o ato de ler a partir do suporte livro impresso é uma atividade que envolve não só a questão intelectual dos seres leitores, mas também estimula todos os seus demais sentidos, como o tato (o prazer de pegar e folhear um livro), a visão (namorar visualmente a capa e o trabalho gráfico de um livro), o olfato (os odores característicos de livros velhos e novos), a audição (o som do silêncio reinante em um ambiente propício para a leitura, ou o barulho do vento nas árvores, dos pássaros, de uma cachoeira ou da rebentação do mar, próximo aos quais lemos) e o gosto, pois quem nunca teve as papilas gustativas acionadas ao degustar o prazer de uma boa leitura é porque ou não sabe ler ou jamais se deparou com uma leitura saborosa.
Em suma, proponho que fiquemos assim: enquanto houver leitores que os apreciem, os livros impressos continuarão a existir. São como os deuses gregos e romanos, que viveram enquanto tiveram quem acreditasse neles. Depois, tornaram-se mitos e lendas e, nessa condição, permanecem vivos em nossa cultura. Espero estar longe ainda de minha descendência a época em que os livros impressos se reduzirão a mitos e lendas. Cabe a cada um de nós afastar para longe a chegada desse dia.
(Publicado na seção Planeta Livro da revista Acontece Sul, ediçao de julho/2010)

Quando estou nas alturas

Tenho como verdade (devo ter lido em algum lugar, alguma ou várias vezes) a informação de que o famoso escritor colombiano Gabriel García Márquez não gosta de viajar de avião. Fico imaginando o grau de superação pessoal a que ele se submeteu para vencer a fobia e atravessar o Oceano Atlântico em 1982 para receber o Nobel de Literatura, ou para fazer visitas regulares a seu velho amigo Fidel Castro em Cuba.
Tenho também para mim (li em lugar outro) que o igualmente famoso escritor brasileiro Jorge Amado, este já finado, compartilhava com o colega colombiano o mesmo temor de aeroplanos, e radicalmente só se locomovia por terra. Felizmente, não teve de voar até a Suécia em busca de Nobel e nada o obrigava a viajar até a ilha de Fidel. Eu, nesta minha notória insignificância, não preciso temer voar até a Suécia em busca de prêmio literário (a muito custo mal traço linhas e minhas ambições literárias hibernam domesticadas dentro do raio de alcance de meu braço estendido) e tampouco privo da amizade de El Comandante, aspectos que me mantêm prudentemente bem distante de qualquer pretensão de ser comparado com qualquer um desses escritores. Porém, na mesma intensidade que eles, também me congelo de medo de aviões.
Mas ao contrário do que se possa pensar, eu não temo voar de aviões; eu tenho medo mesmo é de cair com eles. Os aeroplanos pertencem à categoria rara das certezas absolutas que podemos ter na existência: primeiro, a certeza de que morreremos; segundo, a de que todo (absolutamente todo) avião que decola retorna ao solo – de uma ou de outra maneira. Sempre que recebo a bandeja com comidinha distribuída pelas sorridentes aeromoças, saboreio cada garfada da refeição com gosto de plástico como o ritual de um apenado norte-americano em seus derradeiros momentos no corredor da morte. E fico de olho intermitentemente no semblante delas, das aeromoças. Não porque sejam normalmente bonitas e charmosas (quase sempre são, eu sei, eu sei), mas porque tento identificar no rosto delas qualquer alteração súbita que indique o fato de que tudo vai mal e vamos nos esborrachar lá embaixo apesar de os assentos serem flutuantes.
Aliás, odeio quando elas (as impassíveis e charmosas aeromoças) informam que os assentos sob nossos sentantes são flutuantes, como se isso fosse capaz de gerar uma gota de alívio em voofóbicos como eu. E eu com isso que meu assento seja flutuante? Qual a chance de eu me agarrar a ele e sair são e salvo flutuando depois de uma esborrachadinha básica em solo ou mesmo no mar? Assentos flutuantes, ora, poupem-me...
Diferentemente de García Márquez e de Jorge Amado, no entanto, eu não me esquivo de voar, sempre que necessário. Tremo de medo da decolagem ao pouso; bebo tudo o que me oferecem nas alturas; devoro o que aterrissa em minha bandeja; leio e releio as instruções do saco de vômito; lanço olhares desconsolados às gélidas aeromoças e rezo para todos os deuses em que não creio na hora de voltar ao solo. Mas não tem problema: vou até a Suécia receber o Nobel se um dia isso for necessário. Ou até Cuba brindar um rum com Fidel, se ele me convidar. Não seria por isso...
(Crônica publicada no jornal Informante, de Farroupilha, em 11/06/2010)

O valor da má leitura

Ultimamente tenho me dedicado à leitura de maus livros. Cuido de ressaltar que o adjetivo “mau” aqui empregado é no sentido de “coisa ruim”, mesmo, e não no de elemento portador de malvadeza. Os livros aos quais tenho dado atenção caracterizam-se, portanto, pela parca qualidade literária que apresentam: estilo pobre, tramas inverossímeis, personagens mal-construídos, anacronismos gritantes, adjetivações excessivas, presença constante e incômoda de advérbios e por aí afora. Livros ruins, mesmo. Horrorosos. Tristes de ler. Pobres. Sofríveis.
As razões que me levam a tal empreitada não residem em nenhum traço masoquista que porventura possa estar se originando em minha personalidade, ao contrário do que podem pensar meus mais afoitos desafetos (aquela massa de desafoitos). O fato é que me conscientizei de que, ao ler com tanto afinco os maus livros, acabo conseguindo clarear as virtudes que existem nas obras assinadas pelos realmente bons autores. Ou seja: são os defeitos existentes nos livros ruins que me fazem perceber as virtudes dos bons livros, sendo que a mais importante destas últimas é a ausência absoluta daqueles primeiros. Se é que, por meio destas minhas sempre tão mal-traçadas, me faço entender.
Se não, explico-me e resumo-me: a maior virtude dos bons livros é a ausência dos defeitos que impregnam e caracterizam os maus livros. Escrever bem, descobri a partir de meu abnegado e doloroso empreendimento (sim, às vezes, ler dói, acredite), é escrever com simplicidade, o que não significa, nem de longe, ser simplório. Escrever bem é uma atividade que prescinde do uso estabanado de adjetivos, é resistir à luxúria de resgatar dos grotões da gramática termos e expressões ermos, herméticos e pomposos, e optar pelos simples. Escrever bem não é exibir contorcionismos linguísticos nem empreender arqueologia gramatical. Escrever bem é fazer como Alberto Moravia em “A Romana”, por exemplo, empregando na narrativa uma linguagem simples e cotidiana para contar a saga simples e cotidiana da simples e cotidiana personagem principal da história.
Mas que difícil que é escrever simples! E, por conseguinte, que difícil que é escrever bem. Como é mais fácil resvalar na tentação do ser pomposo, de usar um estilo rococó e pavonear uma suposta destreza na distribuição impune de adjetivos antes e depois de cada desavisado substantivo que ouse passear ingenuamente em meio às páginas de tristes autorias. Crime ecológico, a meu ver, é derrubar tanta árvore para imprimir tanta porcaria por aí afora. Anos atrás uma árvore caiu sobre uma barraca de livros da Feira do Livro de Porto Alegre. Interpretei o ato como um protesto da árvore contra eventuais más impressões que estivessem sendo oferecidas ao público naquela barraca. Tratava-se de um sinal. De minha parte, desde então, prometi tentar aprender alguma coisa, e é por isso que leio tanto.
(Crônica publicada no jornal Informante, de Farroupilha, em 25/06/2010)

Com a bola toda

Acreditem se quiserem, mas o fato é que estava escrito nas estrelas que uma pessoa nascida na década de 60 na cidade gaúcha de Ijuí viraria jogador profissional de futebol, vestiria a camiseta amarela da Seleção Brasileira, com a qual conquistaria um título mundial, e depois se tornaria técnico para disputar a Copa da África do Sul em 2010. Por pouco, mas por muito pouco mesmo, essa pessoa não fui eu. Quem não acredita, que siga lendo.
Minha promissora carreira dentro das quatro linhas de um gramado de futebol teve início quando eu ainda era um mancebo imberbe, míope e esquelético, com cerca de dez anos de idade, e meu nome era disputadíssimo pelos coleguinhas de aula na hora de escolher quem iria para o time de quem, nas aulas de educação física. Havia sempre dois meninos – os melhores no drible ou os donos da bola, normalmente o Gerson e o Rui – que iam escolhendo alternadamente, um a um, os garotos que pertenceriam a cada equipe, e o impasse se estabelecia sempre que chegava a vez do meu nome.
“O Marcos é de vocês”, apressava-se em dizer o Gerson. “Não, não, não. Negativo. Dessa vez o Marcos joga com vocês. Ele jogou conosco semana passada e perdemos de onze a zero, lembra?”, retrucava o Rui. “Ok, vocês jogam com doze, mas ficam com o Marcos”, propunha, esperto, o Gerson. “Nem pensar. Então fazemos assim: vocês saem com vantagem de quatro a zero, mas ficam com o Marcos”, devolvia o Rui. E a queda de braço continuava desses termos para baixo, até, normalmente, ser resolvida na pancadaria mesmo, que era como solucionávamos as coisas naquela época lá em Ijuí, em se tratando de assuntos vitais para a nossa formação cidadã como o futebol, por exemplo.
Eu, prudente, ficava quieto no meu canto e dava graças a Deus quando me dispensavam porque, na última hora, aparecia um guri de quem ninguém sabia o nome e me substituíam imediatamente, dando início à partida. Quando não tinha jeito, eu acabava ingressando em algum time, mas já me posicionavam direto na defesa, que era onde julgavam que eu produziria menores estragos. Obediente como era, eu não arredava o pé de dentro das demarcações da grande área de meu time, nem mesmo quando estávamos atacando. “Acompanha o time, anta. Estamos atacando”, gritava para mim o nosso goleiro. “Eu não. Eu sou defesa. Eu fico aqui”, respondia eu, andando em círculos, cuidando dos óculos.
Anos depois alguns colegas, já adultos, me confessaram que poderiam ter tido a idéia de me usar como arma secreta para, infiltrado nos times adversários, garantir o mau desempenho daquelas equipes e facilitar, apenas com minha presença em campo, as vitórias de minha turma em competições interséries, por exemplo. Mas era tarde demais. Meu destino com as letras já estava traçado. Sobrou para o Dunga cumprir a sina imposta pelo Destino. Fazer o quê...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 02/07/2010)

Desesperar, jamais!

Trinta minutos do segundo tempo. Jogo de Copa do Mundo. Quartas de final. O Carrossel Holandês fazendo suco de limão da seleção brasileira no gramado que vai se acinzentando na África do Sul. Meio-dia e meia de sexta-feira da semana passada. As vuvuzelas da vizinhança agora caladas. Dois a um para a Holanda. Um gol contra perpetrado pelo Brasil. Nós com dez, eles com onze.
Os ponteiros do relógio correndo mais do que Robinho em campo. As esperanças desaparecendo a cada apito do árbitro.
Brasileiros desesperados nas arquibancadas do estádio sul-africano. Brasileiros desesperados defronte aos aparelhos de televisão do Oiapoque a Ijuí. Brasileiros desesperados correndo atrás da bola dentro do campo. Brasileiros desesperados no banco de reservas. Brasileiros desesperados em meio aos tijolos do prédio que vai sendo erguido do outro lado da rua da minha casa. Brasileiros desesperados nas repartições. Brasileiros desesperados nos cafés e bares e restaurantes. Brasileiros desesperados em todos os lares.
O sonho do hexa se esvaindo em meio a cada toque de bola feito por pés holandeses. Kaká dá um quase cotovelaço num jogador holandês. Se pega, vai também expulso. Aimeudeusdocéu. Agora temos de buscar um gol de empate para levar a decisão para a prorrogação, vencer a Laranja Mecânica e seguir adiante. Afinal, comprei a vuvuzela recém na véspera do jogo das quartas de final, ainda queria soprar muito. Já roí todas as minhas unhas e as da esposa. Ainda há as unhas do gato, mas desespero tem limites. Será que tem?
De repente, começa a tocar o celular. Lá em cima, no escritório, no segundo andar, onde foi deixado. Minha mulher me olha espantada. O gato olha em volta, arregalado. Eu olho para o teto, estupefato. O celular tocando? Numa hora dessas?
Mas quem poderia ser?
Minha esposa, não é, ela está aqui ao lado, torcendo como todas as mulheres torcem e sofrem a cada quatro anos, nas Copas do Mundo. O gato não é, ele ainda não aprendeu a telefonar. Minha mãe sabe que eu estou assistindo ao jogo. Hoje é sexta-feira, não é dia de enviar coluna para o Pioneiro, não estou atrasado. Ninguém está trabalhando. Então quem? Quem? Quem?
Algum amigo holandês querendo me tocar uma vuvuzela, só pode. Decido não subir as escadas e não atender. Mas o celular insiste. E tem mais: recordo que não possuo nenhum amigo holandês. Quem seria capaz de estar alheio à catástrofe nacional em andamento?
Ok, ok, desgrudo os olhos da televisão, subo as escadas e agarro o surreal telefone celular que toca numa hora dessas. Faço-o movido pela mais absoluta curiosidade. Atendo e escuto uma voz conhecida falar, entusiasmada, do lado de lá:
“Oooooiiiiiiii!!! Tudo bem???? Como vão vocês aí? O que estão fazendo???”
Minha sogra!
Claro! Quem mais poderia ser?
Só mesmo uma sogra para trazer um pouco de alegria numa hora dessas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 09/07/2010)

Quem teme ler?

A partir do momento em que se passa a fazer parte do universo da literatura, escrevendo e publicando livros, vencendo concursos literários, assinando colunas em periódicos, começa-se a ter um contato mais intenso com as questões relacionadas ao ato de ler, principalmente durante palestras, bate-papos, entrevistas e conversas com leitores, educadores e colegas escritores. Nessas ocasiões, tenho escutado relatos impressionantes relativos ao preconceito absurdo que ainda existe em relação à leitura, proveniente especialmente de pais cujas existências são totalmente desvinculadas do objeto livro e do ritual de ler.
Não são poucos os pais que ficam apavorados, sem saber o que fazer, quando detectam que seus filhos estão assumindo aquele estranho comportamento de ficarem num canto da casa, ou enfurnados em seus quartos, com as fuças enfiadas dentro das páginas de um livro que não conseguem largar, lendo. Ficam de cabelos em pé, tanto quanto se tivessem flagrado os filhos usando drogas ou fazendo sexo sem camisinha. “Vai ficar doido lendo desse jeito”, dizem alguns. “Isso estraga as vistas”, sentenciam outros. “Ler demais faz mal”, acreditam todos. “O miolo fica mole”, matutam.
Bom, ok, tudo o que é demais é demais, concordo. Mas espera lá. Não dá para destruir todo o esforço que educadores, escolas, imprensa, escritores e agentes culturais em geral empregam em favor do estímulo à leitura, colocando toda uma formação a perder devido ao cultivo de preconceitos bobos que, infelizmente, ainda existem. Acordem, pais: seus filhos que leem são uma bênção rara, difícil de se conseguir obter nesses dias de intensos estímulos virtuais e antissocializantes. Seus incríveis filhos que leem representam a continuidade da existência de esperança no fim do túnel para toda a humanidade que ainda acredita no processo de transformação dos seres humanos para melhor.
Ler não faz mal à saúde. Ler não tem contraindicação. Livros podem, sim, serem usados sem moderação. Ler não deixa ninguém doido e nem amolece o cérebro, muitíssimo pelo contrário. Ler não transforma ninguém em ‘nerd’, mas, antes disso, instrumentaliza seus filhos a serem cidadãos completos, interessantes, criativos, preparados, transformadores, vencedores. Olhos foram feitos para serem usados (garanta luz adequada para o local onde seu filho lê). O cérebro foi criado para ser estimulado e desenvolvido com a geração de ideias, com o confronto de opiniões, com a absorção e elaboração do saber, com o uso da imaginação. Garanta atividades físicas e vida saudável ao ar livre para seus filhos, numa existência balanceada em que a literatura entre como componente integrante sem traumas e de forma prazerosa. Faça a sua parte. Ah, e de quebra, peça a seus filhos sugestões de leitura. Aprenda com eles, nunca é tarde.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro, em 16/07/2010)