Apesar dos aguaceiros que obrigaram os organizadores e reprogramar os desfiles no centro da cidade, a Festa da Uva deste ano caracterizou-se por oferecer ao público uma ampla e democrática programação, permitindo que cada um particularizasse sua forma de apreciar o evento. Eu, por exemplo, já no primeiro dia, acessei os pavilhões empunhando um guarda-chuva recém-adquirido em um hipermercado da cidade, daqueles com botão automático, que desfrumbalizou-se (nem vá ao dicionário) por completo ao sucumbir a uma rajada de vento logo após a seção inicial Magia do Abraço. Era um indício do que estava por vir, em termos pluviométricos, naturalmente.
Nos pavilhões, após arremessar o ex-guarda-chuva para dentro da primeira lixeira que encontrei, decidi vivenciar a Festa de minha própria maneira, buscando aquilo que para mim, habitante desta cidade já há duas décadas, representasse o novo e o surpreendente. Foi assim eu me deliciei, na praça da alimentação, com um saboroso acarajé tipicamente baiano, seguido por tapioca, enquanto ao meu lado a turma se esbaldava em uvas, polentas fritas e brustoladas. E confesso que fiquei doido para dar uma voltinha em um daqueles trequinhos motorizados que a Brigada Militar utilizava para transporte individual de seus soldados nos Pavilhões e na Sinimbu durante os desfiles. Que coisa mais moderna!
No orquidário, realizei um sonho de infância ao levar para casa um exemplar de planta carnívora, que, de início, achei que fosse de mentirinha. Só passei a respeitar a planta depois de vê-la abocanhar (ou enfolhar) as dezenas de moscas, formigas e pequenas aranhas com as quais passei o final de semana presenteando-a. De madrugada, acordei escutando ruídos semelhantes a arrotos provenientes do quarto ao lado, onde ela repousava no potinho. Hoje o gato amanheceu sem um pedaço da orelha e estou desconfiado de que algo estranho ocorreu durante a noite, haja vista a bola de pelos que pende dos tentáculos da planta. Se aconteceu o que estou imaginando, terei de reclamar aos organizadores do evento...
Noves fora, acho que valeu, afinal, fazia tempo que não me empanturrava tanto de uvas dedos-de-dama como nesses dias de Festa. Xô, balança!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 9 de março de 2012)
2 comentários:
Hehehe pobre guarda-chuva, que nem pôde apreciar a festa.
Bem, coniderando o apetite onívero da tal plantinha, parece que o titular do blog não é a única criatura que vai seguir rechonchuda por alguns dias.
:-)
Hehehehe... de fato.... a planta anda engordando na mesma medida em que estou economizando em pastilhas de mat-inset....
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