sexta-feira, 6 de julho de 2012

Desagravo às amigas


Urge que eu protagonize aqui um desagravo a algumas senhoras amigas minhas, integrantes da Academia Caxiense de Letras, que vêm reiteradamente sofrendo caladas uma injúria provocada involuntariamente por este escriba neste espaço, sempre que ponho a verve a discorrer sobre as atitudes incivilizadas que protagonizam contra mim outras senhoras integrantes de grupo diverso, notadamente esse último destinado a bebericar bules de chá, devorar biscoitinhos nas tardes de sexta-feira e, via de regra, desancar meus escritos, os quais amiúde consideram pernósticos devido ao uso de termos empolados e à construção de períodos quilométricos que lhes exigem um fôlego de leitura não indicado para menores de sete anos. Retroalimentam elas esse asco contra minha pessoa literária a cada nova semana, ao lerem sofregamente meus textos enquanto sorvem literalmente seus chás, e não se furtam de expressar todo esse rancor endereçando-me missivas via correio, escritas à mão, em sedosos papéis pautados nos quais despejam uma elegante caligrafia destinada a compor deselegâncias que me descompõem linha a linha (as delas desancando as minhas, claro fique).
Temeroso de suas atitudes, venho sazonalmente publicando aqui alguns desenrolares desse desgostoso fato com o intuito de conscientizar os leitores da existência desse grupo hostil à minha pessoa, que deve ser minuciosamente investigado no dia em que eu aparecer combalido por algum bule de chá rachado em minha cachola ou outro atentado semelhante. Porém, já foram várias as vezes em que fui abordado nas quebradas da urbe por leitores simpáticos à minha verve desbragada que se apressam em me prestar solidariedade contra as más intenções das integrantes da Academia Caxiense de Letras, julgando serem elas as senhoras do chá às quais me refiro quando aqui refiro-me é às outras, às más. O que é um grave erro e um preocupante mal-entendido. As senhoras da Academia são minhas amigas fraternas e afáveis, é preciso que isso fique bem claro. As do chá, que me leem e se indigestam, são Fulana, Beltrana, Cicrana e Laureana, e externo os nomes dos bois para que se desfaça a celeuma e possa beber chá e me ler em paz quem assim o preferir.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 6 de julho de 2012)


Nenhum comentário: