Urge que eu protagonize aqui um desagravo a algumas senhoras amigas
minhas, integrantes da Academia Caxiense de Letras, que vêm reiteradamente
sofrendo caladas uma injúria provocada involuntariamente por este escriba neste
espaço, sempre que ponho a verve a discorrer sobre as atitudes incivilizadas
que protagonizam contra mim outras senhoras integrantes de grupo diverso,
notadamente esse último destinado a bebericar bules de chá, devorar biscoitinhos
nas tardes de sexta-feira e, via de regra, desancar meus escritos, os quais amiúde
consideram pernósticos devido ao uso de termos empolados e à construção de
períodos quilométricos que lhes exigem um fôlego de leitura não indicado para
menores de sete anos. Retroalimentam elas esse asco contra minha pessoa
literária a cada nova semana, ao lerem sofregamente meus textos enquanto sorvem
literalmente seus chás, e não se furtam de expressar todo esse rancor
endereçando-me missivas via correio, escritas à mão, em sedosos papéis pautados
nos quais despejam uma elegante caligrafia destinada a compor deselegâncias que
me descompõem linha a linha (as delas desancando as minhas, claro fique).
Temeroso de suas atitudes, venho sazonalmente publicando aqui alguns
desenrolares desse desgostoso fato com o intuito de conscientizar os leitores
da existência desse grupo hostil à minha pessoa, que deve ser minuciosamente
investigado no dia em que eu aparecer combalido por algum bule de chá rachado
em minha cachola ou outro atentado semelhante. Porém, já foram várias as vezes
em que fui abordado nas quebradas da urbe por leitores simpáticos à minha verve
desbragada que se apressam em me prestar solidariedade contra as más intenções
das integrantes da Academia Caxiense de Letras, julgando serem elas as senhoras
do chá às quais me refiro quando aqui refiro-me é às outras, às más. O que é um
grave erro e um preocupante mal-entendido. As senhoras da Academia são minhas
amigas fraternas e afáveis, é preciso que isso fique bem claro. As do chá, que
me leem e se indigestam, são Fulana, Beltrana, Cicrana e Laureana, e externo os
nomes dos bois para que se desfaça a celeuma e possa beber chá e me ler em paz
quem assim o preferir.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 6 de julho de 2012)
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