sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mania de suricato



Não tenho remédio mesmo. Até quando descubro algo novo em mim, trata-se de novidade inserida em atitude fora de moda. Percebi, por exemplo, que sou fissurado em suricatos. Acho-os engraçados, mas é fora de moda ser fissurado por um bicho esquisito. Na minha adolescência, era maneiro curtir bichos estranhos. Hoje, “curtir” é ação virtual que se faz no feicibúqui. Mas quanto aos suricatos, alguma coisa neles desperta em mim o sentido do riso. Gosto de vê-los em documentários televisivos sobre o reino animal. Fico afundado no sofá da sala, observando os suricatos com suas poses de estátua, e me rio. Eles me passam um perfil de bichos gente-boa. Deve ser legal ter um amigo suricato, sair com ele para um bar, tomar umas cervejas e dar boas risadas. Suricatos, a meu ver, devem ser seres bem humorados, inteligentes, espirituosos, surpreendentes.
Engraçado é que só recentemente descobri a existência dos suricatos. Logo eu, que sempre fui interessado por animais. Quando criança, possuía uma coleção de fascículos intitulada “Os Bichos”, que eu passava as tardes folheando até saber todas as centenas de animais de cor. Talvez eu sofra de Fissura de Arca de Noé, vai saber.
Mas o mais estranho de tudo é que, na obra “Os Bichos”, não consta o suricato. Guardo até hoje os volumes encadernados da coleção e, dia desses, folheei tudo à procura do suricato perdido, mas ele não estava lá. Como pode? Reencontrei o ornitorrinco, a équidna, a beluga, até o extinto gliptodonte, mas nada do suricato. Será que foi necessário produzirem o desenho animado do “Rei Leão” para que os suricatos viessem brilhar à luz dos holofotes, a partir do sucesso do carismático personagem Suricato Timão? Pensando bem, acho que tem tudo a ver, pois “Rei Leão” foi lançado em 1994 e, antes disso, eu jamais havia sequer imaginado a existência dos suricatos.
Agora que sei que os suricatos existem, não consigo conceber um mundo sem suricatos. Que triste seria a vida sem os suricatos para me fazerem rir. Os suricatos me são vitais hoje em dia, assim como são os telefones celulares, a internet, o feicibúqui, o tuíter e o Fresno para as novas gerações. Cada um com suas fixações...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 19 de outubro de 2012)

2 comentários:

Página Virada disse...

Marcos,

Sempre fui fascinado por bichos, e também tive uma coleção intitulada "Os Bichos" quando criança.
Meu favorito era o guepardo, e creio que gostava muito dessa espécie por interessar-me por felinos, e também por seu nome começar com a mesma inicial que o meu, o que, para uma criança, era muito significativo. Lembro que uma professora, na primeira ou segunda série, nos pediu sobre nosso animal preferido. "Guepardo", eu disse. Ela: "não, é leopardo". Tentei argumentar, mas acho que não fui muito convincente, e ela deve ter pensado que eu estava criando uma espécie nova.
Uma das coisas que mais gosto de fazer é observar animais. Ainda fico fascinado quando vejo algum animal, ainda mais se for pela primeira vez. Fiquei uns 15 minutos na frente do recinto de uma hiena no zoo de Montevidéu, há dois anos, pois nunca tinha visto esse animal em carne e osso. Já eliminei de minha lista de "animais a serem vistos" a hiena listrada (falta a pintada), o guepardo (ufa!), o tubarão-branco, o urso-polar e o casuar, todos heróis da minha infância. Ainda falta ver um condor voando nos Andes, uma orca na Península Valdez, um lobo...

Grande abraço
Guilherme

Página Virada disse...

Ah, e já vi suricatos também, sempre cavando o solo e olhando para os lados. Concordo com a sua ideia de que parecem animais "boa praça". Devem ser mesmo.

Abraço!
Guilherme