Primeiro de janeiro, mais uma vez. Outro ano novo se inicia, uma vez
mais. Nessa data, voltamos a elencar desejos de que esses próximos 365 dias que
nos aguardam venham repletos de mais coisas boas do que de ruins. Mentalizamos
esse desejo para nossas próprias vidas e para as das pessoas queridas que
compõem o nosso entorno, já que o nosso bem-estar as afeta positivamente e
vice-versa. É assim que as coisas são e um novo ciclo se repete, no qual,
provavelmente, a despeito de nossos genuínos desejos, seguiremos sendo
testemunhas da sucessão de descalabros que a humanidade é capaz de protagonizar
contra si mesma desde que ela existe no âmbito da (in)civilização. Fazer o
quê...
Nesses tempos marcados pela intolerância e pela contínua colisão frontal
entre as certezas absolutas de alguns contra as certezas também absolutas e
contrárias de outros, talvez fosse interessante sonhar com a humanidade dando,
enfim, um passo decisivo e concreto rumo à edificação da civilização dentro do real
conceito do termo. Meu desejo de Ano-Novo, que proporcionaria anos novos e uma
nova era, vai no sentido do desmantelamento da intolerância em favor da
aceitação calorosa das diferenças que trazemos dentro de cada individualidade e
que, no somatório, é o que nos faz tão fascinantes e singularmente humanos. Meu
mundo ideal orbita um sistema planetário em que as pessoas não pensam igual,
não agem igual e não se exige delas que o façam; lá, as pessoas não são
classificadas por rótulos derivados de sua cor, de sua raça, de seus gostos
pessoais, da nacionalidade que portam, da conta bancária que possuem, da
profissão que exercem, do gênero a que pertencem, da opção sexual e afetiva
pela qual optaram, das crenças que professam, do manequim que vestem. Lá, as
pessoas são respeitadas, admiradas e valorizadas pelos seres únicos que cada
uma delas é. Ali só não se tolera a intolerância.
Nesse recém-findo ano de 2017 aprendi uma novidade que me ajudou a
compreender melhor esse conceito. Lendo uma reportagem a respeito de Carl Barks
(1901 – 2000), um dos principais roteiristas norte-americanos dos gibis de Walt
Disney, descobri que o Pato Donald, na verdade, é um ser humano com aparência
de pato. Ou seja, ele não é um pato, apesar da aparência. Na verdade, ele age e
reage tipicamente como o fazem os seres humanos, com suas raivas, vontades e
surpresas. Nem sempre um pato aparente é mesmo um pato em essência. As
aparências não só enganam: elas não significam absolutamente nada. Que possamos
um dia aprender esse conceito tão simples. Um bom 2018 a todos!
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