segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Nove décadas de Histórias

Esta é uma crônica de aniversário. Desejo hoje ocupar as linhas desta crônica de segunda para parabenizar e homenagear um aniversariante singular, cujo nome já se confunde com o processo de preservação e manutenção da identidade de Caxias do Sul e da região da Serra Gaúcha por meio do resgate da memória: o professor, pesquisador, escritor, historiador, político e jornalista Mário Gardelin faz 90 anos! E se fôssemos contabilizar o número de vezes em que ele celebrou a data natalícia, ele poderia ostentar, sem pruridos, a marca de 180 aniversários comemorados. Logo explico, afinal, eu disse que se tratava de uma pessoa singular.
Ao longo de suas nove décadas de existência, Gardelin dedicou-se a diversas atividades, todas elas conectadas entre si pelo fio-condutor do incansável, dedicado e produtivo trabalho intelectual. Foi professor e pesquisador junto à Universidade de Caxias do Sul por quase cinco décadas, radialista (passou pelos quadros de várias emissoras e coordenou a confecção, em 1996, do livro sobre os então 50 anos da Rádio Caxias), jornalista (entre outros periódicos, colaborou durante muitos anos com o jornal “Pioneiro”, por exemplo, tanto na redação quanto na condição de colunista), autor de inúmeros livros e artigos voltados ao resgate histórico da saga da imigração italiana na região, vereador por três legislaturas em Caxias do Sul e assim por diante. Gardelin construiu uma vida em meio aos livros (é membro-fundador da Academia Caxiense de Letras, onde segue ocupando a cadeira de número 1), aos documentos, à pesquisa, às pessoas, e sempre apreciou o prazer de, por meio de seus escritos, compartilhar o conhecimento que costura com o zelo de um tecelão de histórias. Histórias de cidades, de povos e de gentes.
Daqui a três dias, na quinta-feira, 8 de fevereiro, Gardelin comemora 90 anos de idade. Nasceu na localidade de Santa Bárbara, no interior de Ana Rech em 1928, quando a região ainda pertencia a São Francisco de Paula (recebeu, por isso, o título de Cidadão Caxiense da Câmara de Vereadores em 2008), o que, na verdade, é uma meia-verdade. Ele nasceu mesmo foi no dia 14 de janeiro, mas só foi registrado três semanas mais tarde, em Vila Seca. Por conta disso, durante muitos anos, a família comemorou as duas datas, conforme relata a este cronista a esposa do escritor, dona Vanir. Afinal, como sempre foi um apaixonado por História (e estórias), Gardelin resolveu potencializar ao máximo a sua própria, celebrando dois aniversários por ano. Parabéns a você, mestre Gardelin, nestas datas queridas!

 (Crônica publicada no jornal "Pioneiro", de Caxias do Sul, em 29 de janeiro de 2018)

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