sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Quando o terror bateu à porta



Dez anos atrás, eu era editor de Mundo do jornal Pioneiro. Na manhã daquela terça-feira, 11 de setembro, eu estava em casa, me preparando para ir ao trabalho, quando meu vizinho e colega, o também jornalista Daniel Corrêa, então editor de Polícia, chamou-me junto à cerca, apavorado, dizendo para eu ligar a televisão que estava acontecendo algo estranho em Nova York. Liguei o aparelho e vi a inesquecível imagem de uma das torres do World Trade Center em chamas, com a informação de que um avião havia colidido contra ela. Corri para o jornal, a fim de solicitar um espaço especial para minha editoria, já prevendo que a notícia seria importante. Naquele momento, não imaginava ainda que estava presenciando um capítulo dos mais importantes da história do mundo moderno.
Chegando lá, os televisores da redação já estavam sintonizados nos canais que transmitiam as imagens e, sem perceber na hora, assisti ao vivo ao choque do segundo avião contra a segunda torre. Na hora, imaginei estar vendo a reprise da primeira colisão. Só depois percebi que a dimensão do que estava acontecendo não se enquadrava na seara das catástrofes acidentais e apontava para um ataque planejado. O que senti naquele momento, e nos dias seguintes, em que o cenário do que havia realmente ocorrido se clareava aos poucos, foi medo. Muito medo.
Tive um temor profundo, decorrente da possibilidade de estar presenciando o início de um catastrófico conflito mundial, nuclear e apocalíptico. A ansiedade gerada pelos anos de Guerra Fria já havia sido eliminada e um conflito atômico era assunto que fora varrido para debaixo dos tapetes. Agora, o sinal vermelho reacendia, rugindo alto. Lembro de, nos dias seguintes, ter levantado da cama e ficado a observar o sol nos amanheceres, imaginando que estávamos vivendo o prelúdio de uma guerra mundial que não se confirmou.
A Terceira Guerra Mundial não aconteceu, o mundo não acabou. Apenas ficou mais sombrio, e os efeitos da ressaca psíquica mundial causada pelo episódio se prolongam até os dias de hoje, com uma humanidade cada vez mais desconfiada e individualista. Tomara consigamos reverter o processo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 9 de setembro de 2011)

Nenhum comentário: