Uma faceta pouco conhecida está vindo à tona e ganhando espaço neste ano em que se reverencia Marilyn Monroe em função da passagem dos 50 anos de sua morte, ocorrida em 5 de agosto de 1962, quando ela contava meros 36 anos de idade. A atriz e símbolo sexual que virou mito ainda em vida, eternizando a figura da musa loira provocante, ingênua, sensual e fatal, cultivava, na intimidade, um hábito que revoluciona a forma como se costuma posicionar sua personalidade no panteão das celebridades que a história jamais irá esquecer. Marilyn Monroe, para espanto de muitos (meu, inclusive), era uma leitora voraz, aspecto que obriga a lançar novas luzes sobre quem se debruça a esmiuçar sua biografia na tentativa de compreender melhor a figura que ela encarnava e as angústias que a assombravam.
A relação da atriz com os livros ficou mais clara a partir da publicação este ano da obra Fragmentos, uma compilação de cartas, poemas e anotações íntimas pinçadas de duas caixas que continham objetos pessoais de Marilyn, guardadas anos a fio pela esposa de Lee Strasberg, o cineasta norte-americano que figurou como um “mentor” artístico da carreira da estrela. A partir desses apontamentos, fica claro que as imagens de Marilyn Monroe lendo livros (entre eles, “A Morte do Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller, e “Ulisses”, de James Joyce) flagram momentos íntimos reais, e não poses artificiais que até então municiavam seus detratores a afirmar que tais fotos registravam apenas Marilyn com um livro nas mãos, não necessariamente lendo-os.
O tempo é amigo da verdade e agora sabe-se que, sim, Marilyn não estava posando de intelectual. Ela estava, de fato, lendo. Até porque, para as câmeras, o que realmente lhe conferia projeção e proventos eram as fotos sensuais, desprovidas de elementos cênicos dispersivos como livros, poltronas, vestidos, roupas íntimas etc. De minha parte, me fascinam muito mais as fotografias da eterna blondie compenetrada, de livro aberto nas mãos, o olhar leitor desvendando novos mundos, do que as batidas imagens de calendário de borracharia.
Pois é, Marilyn Monroe lia livros. E você aí, hoje vai de pizza ou galeto e polenta?
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 30 de março de 2012)
2 comentários:
Oi Marcos,
Quando vi a foto da Marilyn Monroe lendo, pensei: "olha só, a moça posando de intelectual, fazendo pose com o livro na mão."
Bom saber que ela também era uma grande leitora. Aliás, existem muitas personalidades que leem bastante, mas pouca gente sabe disso. Há algum tempo, li uma biografia do Paul McCartney, e gostei muito de saber as referências literárias que inspiraram a ele e aos outros Beatles na composição de seus grandes sucessos. "Alice no país das maravilhas", por exemplo, foi tema de várias conversas entre Lennon e Macca.
Um abraço!
Guilherme
É verdade, Guilherme... Os Beatles eram ligados na literatura chamada nonsense, da qual Lewis Carrol é um dos maiores expoentes, e varias letras dos Beatles se inspiram nesse tipo de composição. A gente segue na boa batalha de mostrar que a leitura faz, sim, a diferença na historia de vida das pessoas, né. Grande abraço!
Marcos K
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