A banda britânica de rock and roll Rolling Stones celebra hoje, 25 de
maio, 50 anos de carreira. Profissionalizada, transformada em empresa
competentemente administrada, vem singrando com determinação durante cinco
longas décadas a turbulência inerente ao cenário das celebridades
internacionais com tudo o que o pacote prevê: dos mergulhos ao fundo do poço
das drogas aos píncaros da fama. Na contramão do que ocorreu com os Beatles (que
ensinaram o que não fazer no que tange à mistura de elementos da carreira com
os da vida pessoal), os Stones conseguem se manter na ativa superando em muito
as expectativas de longevidade da banda que seus próprios integrantes
imaginavam quando a formaram, meio século atrás. Penso haver lições a serem
analisadas nesse processo todo.
Uma delas, e talvez a principal, é justamente a lição que aponta para a
capacidade de se reformatar à medida que o tempo vai passando, porque, como
sabemos, a passagem do tempo acarreta transformações, seja no íntimo das
pessoas, seja no cenário externo, seja no perfil de qualquer espécie de grupo,
inclusive bandas de música. Tudo se transforma, e analisar-se no meio dessas
transformações, transformando-se também, é o que nos ensinou Shakespeare quando
pioneiramente levava no palco personagens que refletiam sobre si mesmos e a
partir disso se reformulavam. Os Stones vêm fazendo isso e é por essa razão que
permanecem aí, nos palcos do planeta, enrugados na pele mas suficientemente
rejuvenescidos na alma.
Há anos que professo a convicção de que o rock and roll representa uma
parcela muito significativa de responsabilidade pela mudança do conceito de
juventude e velhice que vigora atualmente na sociedade ocidental. Naquele
distante 25 de maio de 1962, quando Mick Jagger e Keith Richards se reuniram a
Brian Jones, fundando a futura banda de rock mais longeva do planeta, nenhum
daqueles pirralhos de vinte anos de idade acreditava que estariam fazendo
música aos 40, uma vez que, naquela época, a velhice começava muito cedo. Como
posso me imaginar velho aos 70 anos, se hoje vejo homens de 70 subirem aos
palcos fazendo rock and roll? Parabéns a vocês e grato pela plena satisfação
que nos têm proporcionado.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 25 de maio de 2012)
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