terça-feira, 3 de setembro de 2013

Raquetadas no ar

Meu cunhado está fazendo aulas de tênis no clube em que somos sócios. Vai duas vezes por semana, à noite, aulas de meia hora cada. Em apenas três lições já aprendeu a dar saques, a posicionar o corpo para rebater a bola, a empreender efeitos na jogada, essas coisas. Méritos da dedicação dele e também do professor, que, segundo seu relato, é muito bom.
Sorte dele, a de ter encontrado um mestre com o qual se identificou e, dessa forma, pode dar vazão ao aprendizado de um hobby que lhe vai acrescentar em qualidade de vida. Nem sempre é assim. Anos atrás eu ganhei de minha esposa um violão de presente de aniversário, acompanhado do pagamento de um semestre de aulas em uma escola de música. Fascinado por música como sou, acreditávamos que eu encontraria uma prazerosa fonte de relax me iniciando no (para mim) misterioso e encantador universo das notas musicais. A experiência, porém, foi um desastre completo e não resisti a mais do que três lições, nas quais aprendi (para todo o sempre, ao menos) apenas três acordes, com os quais não sei o que fazer, já que o violão jaz há anos a um canto do escritório, mais mudo que meu antigo toca-discos.
Tudo por culpa do professor, com o qual não consegui criar vínculo e cujo método (ou ausência dele) me afastou, a começar pelos atrasos (dele), apesar de meu entusiasmo inicial pelas aulas. Quando criança, por volta dos dez anos de idade, meus pais acharam por bem me matricular em uma escola de tênis, a fim de que eu dividisse um pouco de minhas energias a alguma outra coisa além das páginas dos livros. Descoordenado como sempre fui, e míope como um rinoceronte, eu levava minha professora à beira de um ataque de nervos a cada bolinha que errava, raqueteando o ar e assassinando mosquitos. “Aaaahhhh, Maaaarcooooossss...”, suspirava ela com enfado a cada burrada que eu dava, enterrando minha vocação desportiva para sempre.
Nas aulas de natação, o professor até que era gente boa, mas seu esforço e simpatia não foram suficientes para suplantar meu medo de água (não chacoalhe um copo perto de mim) e também desisti depois de sucessivas auto-tentativas de afogamento nas piscinas ijuienses. Tive mais sorte com os professores de língua portuguesa, redação, história e língua estrangeiras. Aprendi que ensinar é uma tarefa envolta em uma responsabilidade humana de importância capital impossível de ser mesurada. Que sorte a desse meu cunhado.

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 3 de setembro de 2013)

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