sexta-feira, 2 de setembro de 2016

De bactérias a dinossauros

Tive o privilégio de vivenciar uma experiência transformadora na tarde da última terça-feira, quando fui convidado pela segunda vez (já havia comparecido alguns meses atrás no turno da manhã) a conversar com os alunos e professoras da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rosário de São Francisco, no Desvio Rizzo, aqui em Caxias do Sul. No início do ano a escola decidiu adotar meu livro “Insetolândia: Uma Viagem ao Redor do Quintal”, e a obra foi amplamente lida, debatida, discutida e trabalhada em sala de aula nas diversas turmas, em todas as séries. O ápice de toda essa atividade seria o encontro com o autor, em carne, osso e antenas, e lá fui eu.
Fui e voltei para casa (nas duas visitas) abastecido de carinho, presentes, vivências, trocas, satisfação e, especialmente, sugestões de temas para novos livros. Sim, porque os alunos da Escola Municipal Rosário de São Francisco não se restringiram a esbanjar criatividade e talento na confecção de poesias, contos, releituras da obra lida, apresentações teatrais, esquetes, músicas, jogos, documentários, experiências científicas (aprendi com alunas de nove anos o que são artrópodes, por exemplo), charadas, pinturas, dobraduras, colagens, entrevistas (fui submetido até a um “talk show”), trabalhos manuais etc. Eles foram além e ali, na presença do autor (“olha, olha, é o autor!”), ao longo dos diversos bate-papos realizados, incentivaram o escriba a dar sequência à sua carreira, municiando-o com sugestões de temas para os novos livros.

Que tal um livro contando a vida das bactérias? Foi a primeira sugestão, afinal, se eu havia escrito um sobre insetos, tendo iniciado anos antes com outro sobre as aventuras de um gato, por que não seguir a escala redutiva e enfocar agora as bactérias? Anotado! A outra sugestão, advinda de uma das dezenas de dedinhos levantados esperando para fazer pergunta, consiste em escrever uma obra sobre a origem dos dinossauros. A proposta se concretizou depois de eu responder acertadamente à pergunta de outro menino, desejoso de conferir se eu sabia como os dinossauros haviam desaparecido da Terra. Arrisquei uma resposta, o menino escutou-a atento, mantendo o dedinho erguido até o final de minha fala. Foi um meteoro que se chocou contra a Terra. Ok, eu sabia. Estava apto, então, a receber a sugestão para escrever sobre dinossauros. Eles confiam em minha capacidade. Talvez, um dia, eu o faça. Nada melhor para um escritor do que ser acolhido por dezenas de leitores atentos e reflexivos, independentemente da idade. Sou mesmo um sujeito de sorte.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 2 de setembro de 2016)

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