Uma vez por semana, lá na Ijuí de minha infância e
adolescência, era sagrado a família se reunir na casa de meus avós paternos aos
domingos de meio-dia para saborear o churrasco que meu avô (o “Opa”, que
significa “avô” em alemão) fazia. Minha avó, a “Oma”, preparava a tradicional
salada de batata e eu, assim que fiquei maior de idade, me encarregava de armar
a caipirinha, cuja técnica secreta o Opa me legara. Esses encontros semanais
juntavam primos, tios, avós, netos, e estão gravados na memória de toda a
família.
Na mesma época, era também tradição de nosso pequeno
núcleo familiar (meu pai, minha mãe, minha irmã, eu e meu boneco de plástico
Luizinho) irmos almoçar ou jantar, uma vez por semana, no “Restaurante do
Primo”, em que eu devorava polentas fritas (antecipando a futura adoção da
Serra como lar) e depois me punha a correr pelas mesas do local, a investigar o
que os demais clientes estavam usufruindo do cardápio e a reportar (antecipando
o futuro jornalista) tudo a meus pais. Outro evento familiar semanal que era
cumprido à risca e com deleite era a ida à Banca de Revistas do Seu Sahlberg
(“Livraria Progresso”), nas sextas-feiras à noite. Por alguma razão, nossa
família tinha o privilégio de poder adentrar a banca no final do expediente,
quando Seu Sahlberg estava de portas fechadas fazendo o balanço semanal das
vendas. Assim, tínhamos as prateleiras disponíveis só para nós e fazíamos a
festa escolhendo revistas a serem devoradas no final de semana. Uma festa de
Pato Donald, Recruta Zero, Brasinha e Revista Recreio!
Mais tarde, passei a ganhar uma “semanada” de meus pais,
ou seja, uma quantia específica em dinheiro recebida todas as sextas-feiras, a
fim de aprender a administrar valores (que eu torrava tudo em gibis e livros do
Monteiro Lobato). Nessa mesma época, eu e minha irmã podíamos escolher um dia
da semana para ficarmos acordados até mais tarde (depois das 21h) e assistir a
um episódio de nosso seriado televisivo preferido. Eu escolhi “SWAT” e aguardava
com ansiedade a chegada desses dias específicos. Isso sem falar nas manhãs de
domingo nos anos 1980 e 1990, quando Nelson Piquet e Ayrton Senna tornavam
nossas semanas mais divertidas com suas performances na Fórmula-1.
Agora, a expectativa pela chegada de um dia específico da
semana, significativo e prazeroso, passa a se dar, de minha parte, pelas
segundas-feiras, que é quando o Pioneiro publica, agora semanalmente (e não
mais diariamente), minhas crônicas aqui neste espaço, proporcionando o encontro
prazeroso com os leitores. Até segunda que vem!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de setembro de 2016)
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