domingo, 15 de setembro de 2013

Sinuca tecnológica

Tá, e agora? O leitor de textos de meu computador desconfigurou, não consigo abrir os arquivos já escritos e tampouco produzir textos novos. E não são poucos os textos antigos que preciso abrir para pesquisar ou para dar sequência ao trabalho, e também não são poucos aqueles que preciso escrever hoje para atender às demandas de meu ofício, como esta crônica aqui do Pioneiro. O que se faz numa hora dessas?
Primeiro, grita-se. Pode ser mentalmente, mesmo, afinal, não vale a pena passar recibo de louco a toda a vizinhança e atormentar a esposa que lê tranquila o jornal no andar de baixo. Grita-se contra a tecnologia moderna, contra a invasão da informática no nosso cotidiano, contra a ditadura dos computadores, contra os políticos corruptos (que sempre é saudável aproveitar para, já que se está gritando mesmo, incluir os políticos corruptos na jogada), contra a alta do preço do tomate e os buracos nas estradas.
Desferidos os devidos gritos mentais, pode-se passar para a fase dois, que é a postura da vítima. “Por que isso acontece comigo? Por que eu? Por que justo hoje? Eu não mereço. Tenho tanta coisa para fazer”. Depois, recomenda-se entrar logo na etapa da nostalgia pelos velhos tempos, para aplacar um pouco o espírito. Lembrar das velhas e boas máquinas de escrever (alternativa disponível apenas para quem tem mais de 35 anos de idade), que, quando davam xabu, bastava trocar o rolo de fita e seguir esmurrando as teclas e parindo textos e mais textos.

Como nada disso resolve coisa alguma, passadas todas essas etapas, o melhor é chamar um técnico (recomendável), ou fuçar no computador para tentar resolver a coisa por conta (alto risco) ou escrever tudo a mão e enviar por pombo-correio para a redação do Pioneiro (funcionou, não?). Porém, desesperar, jamais.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 14 de setembro de 2013)

Um comentário:

Rafaela disse...

Vou comprar um pombo-correio tão logo saia do trabalho hoje!