domingo, 22 de maio de 2011

Uma dica econômica

Vou ensinar-lhe um truque, leitor, que, se bem aprendido e aplicado, será capaz de produzir uma grande diferença (a seu favor) em seu orçamento doméstico ao final de cada mês. Basta observar com atenção os passos que indicarei a seguir. Decore as regras, mentalize-as e, se necessário, imprima o texto e leve-o consigo sempre que a ocasião o exigir, até que, devido à repetição, seu cérebro absorva as informações e as transforme em uma nova postura de vida.
Faça assim: primeiro, dirija-se da maneira usual (a pé, de ônibus, lotação, automóvel ou bicicleta – seria chique dizer metrô, porém, ainda estamos na Caxias do Sul do século 21, e infelizmente não somos mais íntimos de trilhos...) ao centro da cidade, ou ao Camelódromo, ou a algum shopping ou centro comercial de sua preferência. Faça tudo naturalmente, como sempre, sem alterar nenhum aspecto de sua rotina de cidadão e de consumidor.
Chegando ao destino (que fica à sua livre escolha), pegue suas mãos (“pegar as mãos”, aqui, é obviamente uma metáfora – ninguém “pega” as próprias mãos, trata-se apenas de um recurso de linguagem usado para incentivar uma atenção maior a essa parte de seu corpo) e encolha todos os dedos, transformando-as em punhos fechados. Siga caminhando por entre as lojas, as lancherias, os restaurantes e afins enquanto desenvolve os procedimentos aqui descritos. Pegue agora seus punhos (já aprendemos a conotação simbólica do verbo “pegar”, pois não?) e meta-os dentro dos bolsos das calças (isso se você estiver trajando calças; outra opção é enfiar os punhos cerrados cada um sob a axila transversa do lado oposto do corpo, como em um cruzar de braços).
Feito isso, circule livremente pelo tentador ambiente dos templos do consumo, entre vitrines repletas de liquidações, ofertas, novidades, saldos, financiamentos, prazos, descontos, sem jamais tirar para fora as mãos e os dedos, aprisionados na forma de punhos que, impossibilitados de alcançar a carteira com os cheques, os cartões de crédito e o dinheiro, se transformam em um verdadeiro “Personal Procon”, a melhor e mais segura forma de você, consumidor, conseguir proteção contra si mesmo. Fará diferença no final do mês.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 20 de maio de 2011)

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