segunda-feira, 25 de maio de 2015

Um brinde dantesco

Peralvise Serego Alighieri é o nome de um conde italiano abastado, proprietário de uma grande vinícola instalada na região da Valpolicella, próximo à cidade de Verona, no noroeste da Itália, no Vêneto. Sua empresa chama-se Possessioni Serego Alighieri e, a julgar pelas fotografias e pelos dados disponíveis no seu site de internet, trata-se de vinícola nobre, refinada, produtora de vinhos de alta qualidade.
Valpolicella Classico Superiore MontePiazzo, Vaio Armaron, Casal dei Ronchi, Possessioni Rosso e Possessioni Bianco são alguns dos principais rótulos de varietais produzidos pela empresa. A Possessioni do senhor conde também produz óleo de oliva extra-virgem, vinagre balsâmico, grappa, arroz especial para risoto, um mel de flor de acácia que deve ser uma delícia só de olhar a foto do potinho e ainda pasta de castanha e geleia de cereja. Tudomuito requintado, delicado, belo. Nham!
E daí o leitor e a leitora devem estar se perguntando: o que foi que deu no cronista, de botar-se a fazer propaganda de uma vinícola fina existente lá na longínqua Itália assim, sem mais, nem menos? Eis que então eu me explico, antes que se estabeleçam os mal-entendidos e surjam as desconfianças de que agora sou sócio de vinícola estrangeira ou coisas do gênero. O que se dá é que o referido conde, proprietário da referida indústria alimentícia, é o único descendente direto vivo do poeta italiano Dante Alighieri (1265 – 1321), como o sobrenome já indica. A área em que a vinícola está estabelecida foi adquirida em 1353 por Pietro Alighieri, filho de Dante, que acompanhou o pai em seu exílio em Verona. A fabricação de vinho naquelas terras se dá desde que foi adquirida pelo filho do poeta-mor da língua italiana, que tem busto instalado na praça batizada com seu nome no centro da cidade de Caxias do Sul, a Pérola das Colônias, situada na Serra Gaúcha, região brasileira também famosa pela produção de vinhos finos.

Ahá, eis aí a ligação: Dante e os vinhos! Quando a gente quer, a gente acha! Um brinde, então, ao mais saboroso escritor que a língua italiana já produziu, neste 25 de maio, data de seu nascimento, ocorrido exatamente 750 anos atrás!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 25 de maio de 2015)

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