segunda-feira, 16 de junho de 2014

De olho na zebra

O que gosto mesmo nesses jogos de Copa do Mundo é das zebras. Tem algo mais delicioso do que ser surpreendido por uma seleção campeã do mundo levando uma goleada histórica já na sua partida de estreia, como o que aconteceu com a Espanha, batida em 5 a 1 pela Holanda, dias atrás? O que se espera de uma partida entre essas duas potências europeias do futebol é um embate equilibrado de forças, resultando em um palatável empate de zero a zero, 1 a 1, ou mesmo uma vitória sofrida de um dos escretes por um placarzinho apertado. Mas jamais 5 a 1! Zebra, total.
Isso sem falar dos países costeiros, que nessa arrancada de Copa do Mundo no Brasil decidiram brilhar um pouco. Tipo assim: se for para fazer figuração, vamos pelo menos incomodar e chamar a atenção. E chamam a atenção materializando as zebrinhas nos gramados. Que o digam os uruguaios, que estrearam perdendo de 3 a 1 para a equipe da Costa Rica. Se dependesse desse palpite para ficar rico na Loteria Esportiva, ninguém levaria o prêmio. Até porque, ninguém mais fica rico na Loteria Esportiva, né, já que estamos a falar em zebras...
E abram os olhos quando a Costa do Marfim entrar em campo. Basta ver o que fizeram com os japoneses no sábado à noite, vencendo a seleção do país do sol nascente por 2 a 1, de virada. Por mais que Zico tenha ensinado o Japão a jogar futebol, quem andou aprendendo melhor as lições foram os marfinenses mesmo, emplacando mais uma zebra nesse início de competição. Adoro essas zebras. Exceto quando envolvem a Seleção Brasileira.
O gol contra do Brasil contra o Brasil na primeira partida nossa, contra a Croácia, me causou um calafrio antártico na espinha. Estrear com gol contra, em casa, na tão sonhada segunda Copa do Mundo no Brasil, não é apenas uma zebra, mas uma manada zebrada. Felizmente a situação foi revertida em tempo de o azar inicial passar batido, uma vez que vencemos a Croácia e levamos os três pontos, como era de se esperar. Mas o aviso foi dado e é preciso estar alerta. As zebras têm como hábito rondar os estádios de futebol camufladamente. Elas desenvolveram táticas especiais para se infiltrarem nos estádios burlando a segurança e, quando a gente se dá por conta, lá estão elas, dentro do gramado, pintando (em listras brancas e pretas) e bordando gols para quem menos se espera.
Zebra no placar dos outros é divertido. Mas quando elas começam a forçar a cerca do quintal da nossa casa, é preciso estar alerta. Quando se trata de Seleção Brasileira, sou conservador: prefiro a lógica. E a lógica, nesse caso, é Brasiu-iu-iu-iu-iu...

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de junho de 2014)

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