quinta-feira, 5 de junho de 2014

Noites de aconchego e arte

Que a Poesia é uma Arte, e entre elas uma das mais nobres, isso estamos todos pós-graduados em saber. Que produzir Poesia, e Poesia verdadeira, com qualidade, com alma e talento, e ainda com literariedade e valor estético, é também uma Arte, isso sabemos todos nós que lemos e apreciamos Poesia. Aliás, chegamos até à ousadia de admitir como Arte o próprio ato de ler Poesia, pois que Poesia não se lê assim de supetão como se faz com uma notícia de jornal para se informar ou com um cartaz afixado na porta do banco informando sobre o horário de atendimento.
Não, não, nada disso. Saber usufruir da essência existente nas linhas escritas e especialmente naquelas apenas insinuadas no texto poético requer entrega da alma, requer atenção, exige o reassentamento daquele silêncio interno que muitas vezes relegamos ao esquecimento durante a correria das horas de nossos cotidianos amalucados. Saber ler Poesia é também uma Arte, assim como saber produzi-la e assim como ela, a Poesia, em si, o é. Isso tudo sabemos. O que eu não sabia até terça-feira de noite é que saber narrar Poesia para um grupo de pessoas, narrar Poesia com Poesia na fala, é também uma expressão artística de primeira grandeza.
Quem me ensinou isso, na prática, ao vivo, foi o professor, escritor e poeta Jayme Paviani, ao longo do aconchegante bate-papo que protagonizou terça-feira passada, na condição de um dos convidados da VII Semana do Escritor, promovida pela Academia Caxiense de Letras e que acontece todas as noites desta semana, desde segunda, no terceiro andar da Biblioteca Pública Municipal, ali na Casa da Cultura, defronte à Praça Dante Alighieri. As pouco mais de 30 pessoas que decidiram sair de suas zonas de conforto na noite fria de terça foram privilegiadas com o presente humano e estético ofertado pelo palestrante, que mesclou um verdadeiro sarau poético com observações esclarecedoras, enriquecendo a bagagem pessoal de cada um que esteve ali.
Houve mais Poesia pairando no ar naquela noite. Um dos participantes da plateia trouxe junto suas duas filhas de cerca de 12 anos de idade, para compartilharem em família o encanto pela literatura. O ato do pai foi poético, e o das filhas, em acompanhá-lo, também foi. Houve Arte na palestra de abertura com Gilmar Marcílio, conduzida pelo Grupo Órbita Literária, como também houve no encontro de ontem à noite com José Clemente Pozenato.

O compartilhamento de Arte, aconchego e experiências estéticas segue hoje com a professora Cecil Zinani e, amanhã, com a jornalista Mariana Kalil. Sempre a partir das 20h, e de graça. Ainda há tempo para dar uma curva na zona de conforto e aconchegar o espírito com esses encontros poéticos.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de junho de 2014)

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