terça-feira, 17 de junho de 2014

O Taj Mahal de cada um

Vou dar início a um movimento internacional em favor da transformação da data de hoje, 17 de junho, no Dia Internacional dos Namorados. Ou também poderia a data ser intitulada Dia Internacional da Paixão. Ou Dia Internacional do Amor. Nesse caso aqui, compreendendo-se os termos “amor” e “paixão” como aqueles sentimentos únicos direcionados para aquela pessoa especial que você permite se adonar de seu coração e se transformar em sua cara-metade.
Agora, explico o por quê. Nessa mesma data, 383 anos atrás, em 1631, morria em Agra, no norte da Índia, uma bela princesa de 38 anos chamada Mumtaz Mahal, nome que na língua persa significa “a joia do castelo”. Até aqui, nada demais, afinal, princesas morrem o tempo todo ao longo da história da humanidade, porém, o passamento dessa resultou em algo muito especial: a construção do mais famoso mausoléu do mundo, o Taj Mahal, considerado desde 2007 pela Unesco como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
O belíssimo monumento erigido em mármore branco é uma das principais atrações turísticas da Índia, configurando-se em um legado que o imperador indiano Shah Jahan deixou à posteridade, como expressão do amor que sentia pela princesa Mumtaz Mahal. Reza a história que a princesa Mahal morreu ao dar à luz o 14º filho do casal real, o que entristeceu demais o soberano, que era nada menos do que o quarto imperador Mogol, ou seja, o cara não era pouca coisa.
E para mostrar ao mundo que pouca coisa ele não era, e que o tamanho de seu amor pela princesa era tão grande coisa como a grande coisa que ele era, o imperador mandou construir em homenagem a ela o Taj Mahal, o mais belo mausoléu do universo, obra que levou 21 anos para ser concretizada e que exigiu a mão-de-obra de 20 mil trabalhadores trazidos de todas as partes do Oriente. O Taj Mahal foi concluído em 1653, sendo que o imperador Jahan morreu somente 13 anos depois disso, em 1666, provavelmente eternamente inconformado com o passamento de sua “joia do castelo”.

Assim como o rei Jahan, todos nós temos também nossas “joias do castelo”, independentemente do gênero de cada um. Mas como rei Jahan foi um só, estamos desobrigados a construir mausoléus suntuosos para nossas caras-metades (até porque não haveria mármore suficiente no planeta para tamanha demanda) e nem precisamos esperar que elas passem para expressarmos a elas o tamanho de nosso sentimento. Um “bom dia” com um sorriso nos lábios, uma flor de vez em quando e uma frase carinhosa também são capazes de representar essa grande coisa que sentimos por outra pessoa. Somos todos capazes de carregar um indescritível Taj Mahal dentro da alma.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de junho de 2014)

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