sexta-feira, 24 de julho de 2015

Um consolo térmico

Ô inverninho gelado esse, hein? Fazia tempo que não enfrentávamos um  inverno tão rigoroso, com tantos dias seguidos de frio intenso. Às vezes nem é tanto o frio em si, mas sim a sensação provocada por um conjunto de fatores que nos predispõem psicologicamente (e fisicamente também, claro) a batermos queixo e a enterrarmos nossos pescoços blusões adentro, como o vento, a umidade, a neblina, a chuvinha intermitente, a ausência pura e simples do sorriso do sol, os exércitos de nuvens roxas estacionados bem acima de nossas cabeças. E isso que ainda nem geou! Ou geou? Geou? Não? Sim? Não importa: tá frio!
Pois bem, como sou um cronista notadamente leve e mundano (não confundir com leviano e mundista), preocupo-me com o bem-estar psicológico de meus leitores e foi por essa razão que decidi aqui elencar uma série de informações que, espero, colaborem para, se não aquecer um pouco mais seus dias gelados, ao menos municiá-los de dados que amenizem essa sensação de pena que temos de nós mesmos, achando que estamos a enfrentar as piores temperaturas do planeta. As coisas não são bem assim, dê só uma espiada nos próximos parágrafos.
Está reclamando por morar na Serra Gaúcha porque aqui faz frio de obrigar pinguim a caminhar de pantufa e foca a dormir de touca? Isso porque você não sabe que a mais baixa temperatura já registrada na Terra se deu na Estação Vostok, na Antártica russa, em 21 de julho de 1983, quando os termômetros assinalaram 89,2 graus centígrados abaixo de zero! E a gente aqui reclamando de oito graus acima de zero! Esse registro superou o anterior, que era de 71,2 graus negativos, ocorrido na Rússia em 1926. Sorte sua que nem era nascido naquela época, muito menos na Rússia, hein? No Brasil, o recorde de temperatura negativa deu-se em 1952 na cidade de Caçador, em Santa Catarina: -14º C! Que tal?

E vamos em frente. Mais dados gelados, extraídos diretamente do fundo do freezer para amenizar sua sensação de infelicidade térmica. Dê graças a Deus por não morar em Marte, planeta vizinho nosso que chega a apresentar temperaturas de até 143 graus negativos em certas regiões. E nem pense em pular para Vênus, onde a temperatura mínima na superfície pode chegar a 220 graus abaixo de zero. Quer saber como é a coisa em Plutão, o planeta mais distante do Sol? Não? Ok, não vou mais incomodar. Bom inverno!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 24 de julho de 2015)

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