quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A galinha a postos

Foi combinado que meu afilhado de um ano e meio passaria um dia inteiro conosco no sábado passado, enquanto seus pais aproveitariam a “folga” para cumprir algumas demandas no centro da cidade. Nós, por nosso lado, aproveitaríamos para nos encantarmos com as surpresas que o seu ininterrupto processo de descobertas do mundo proporciona.
Coube a mim, na véspera, providenciar a lista organizada por minha esposa, a título de “preparativos para a visita do João Vitor”. No supermercado, fui à caça de caixas de suco, já que João Vitor curte suco. Depois, fui à cata de banana, maçã e frutas em geral, uma vez que João Vitor já come de tudo com seus quatro dentinhos sorridentes. O iogurte veio em quantidade pensada para sobrar para os dindos, essa dupla de gulosos. O pacotinho de balões coloridos foi encontrado, após quilômetros de gôndolas rodados, na seção de festas, Marcos, seu asno. E uma caixa de cerveja bock. Para mim e minha esposa, claro, celebrarmos à noite o sucesso da empreitada.
Ao chegar em casa, mais lista de tarefas. A principal delas: deixar engatilhado o DVD com os filminhos da Galinha Pintadinha (aquela que usa saia e tem um monte de pintinha, sabe?), remédio eficaz para acalmá-lo em caso de início de choro inexplicável (depois descobrimos que a tal galinha e seu Galo Carijó andam perdendo popularidade para desenhos do Scooby-Doo e outros em que figurem “au-aus” diversos). Os choros não aconteceram, mas a Galinha até que ajudou na hora da naninha depois do almoço, pois que também ninguém é de ferro, muito menos um dindo quase cinquentão (eu, ao menos, dispensei a mamadeira).

Por fim, devia arregimentar os brinquedos. João Vitor, quando vem nos visitar, costuma trazer junto vários deles, e assim o fez. Mesmo assim, reuni os bichinhos de pelúcia que habitam nossa casa e que vêm à luz nessas ocasiões. Porém, tudo se mostrou desnecessário. João Vitor passou horas se entretendo mesmo foi com os balões e com um cestinho de prendedores de roupas. O cestinho, emborcado, era empurrado pela casa toda à guisa de caminhão desenfreado. Os prendedores ornamentaram, um a um, a cerca do terraço, a título de enfeite natalino. Na sua inocência infantil, João Vitor não depende de marcas, de moda ou de status para obter satisfação e alegria. Já a minha cerveja noturna não podia ser outra senão aquela da marca especial que eu mais aprecio, claro.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em  12 de dezembro de 2013)

Nenhum comentário: