segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mea culpa

O clima não estava muito confiável no início da tarde do último sábado, quando saí de casa rumo ao centro a fim de cumprir compromisso agendado com bastante antecedência. Dizem os entendidos em gente que uma das principais características do ser humano é sua capacidade inerente em aprender com os próprios erros. Acredito nisso, mas acredito também que existem as exceções que confirmam a regra. Especialmente porque eu sou uma gritante exceção que confirma a regra.
Pois vejamos. Sair de casa sob a imprevisibilidade do tempo é uma situação bastante comum para qualquer indivíduo que resida em alguma das cidades integrantes da região conhecida como Serra Gaúcha. Aqui por essas bandas, é comum fazer sol pela manhã, ventar antes do almoço, fechar o tempo à uma, cair um toró às duas da tarde, limpar de tardezinha e desabar um frio de encarangar à noite. Sim, a gente sabe disso.
Pois bem, mas o que fiz eu no sábado? Cheguei no centro, estacionei o carro nas imediações do Parque dos Macaquinhos e rumei lépido, fagueiro e determinado ao local do compromisso, situado a pouco mais de cem metros dali. Levar junto o guarda-chuva? Nem pensar, pensei. Ele que fique ali no banco de trás do carro. Não vai chover.
Bom, choveu. Choveu, e choveu cântaros. Mas choveu mesmo foi exatamente na hora em que meu compromisso deu-se por encerrado e tive de retornar ao carro, dentro do qual me esperava meu guarda-chuva, sequinho, sequinho, ele, ali no banco de trás. Culpa de quem aquela chuva toda? Minha, senhores e senhoras caxienses. Minha culpa, minha máxima culpa. Caso alguém tenha se molhado com a repentina chuva de sábado à tarde e pego um resfriado, podem dirigir seus xingamentos a mim, porque a culpa é unicamente minha. Porque é certo que não teria chovido se eu tivesse transportado junto comigo o meu guarda-chuva.

Porque é sempre assim, eu não aprendo com meus erros. Mas pior do que isso é essa megalomania de achar que, tal como um pajé ancestral, posso influenciar as nuances do tempo a partir de meus atos rituais. De fato, devo ser alguma espécie de exceção à regra. Só ainda não sei de qual regra.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 8 de setembro de 2014)

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