sábado, 12 de setembro de 2015

Em busca do Rio Kirst

Dizem que um bom jornalista se mede por sua capacidade de espanto. O que o axioma pretende sinalizar é que o profissional da informação não pode deixar adormecer a sua capacidade de se surpreender com as coisas do mundo que o rodeiam, sob o risco de amortecer a habilidade de detectar aquilo que é notícia, assassinando assim a essência jornalística. O mesmo vale para um cronista mundano. Ele precisa manter sempre desperta em si a capacidade de se surpreender com as coisas do mundo que o cercam, sob pena de perder a mão, ficar sem inspiração nenhuma e, daí, foi-se crônica!
Eu procuro fazer a minha parte, mantendo sempre os olhos bem abertos, os ouvidos aguçados, o olfato afiado, a boca o mais fechada possível e os dedos prontos a dedilharem o teclado, com todos os sentidos atentos (consegui citar todos os cinco conhecidos, viram só?) em busca daquilo que possa me surpreender e virar, se não notícia, pelo menos, uma crônica mundana. E é surpreendente a minha capacidade de me surpreender com aquilo que me surpreende! Esses dias, por exemplo, tenho andado surpreso com o estranhismo de algumas coincidências existentes em alguns episódios significativos da História universal. Querem ver?
Vejam só a coisa esquisita: o Rio Hudson, aquele rio famoso que corta parte do estado norte-americano de Nova York e que banha a cidade de mesmo nome, foi descoberto no ano de 1609. Sabem por quem? Ora, por um explorador e navegador inglês chamado Henry Hudson (1550 – 1611)! Chamava-se Hudson o sujeito que descobriu o Rio Hudson! Não é uma coincidência fantástica? Fico só imaginando o Henry lá na Inglaterra, já na porta de casa, mochila nas costas, pronto para sair e se despedindo da esposa; “Tchau, darling, vou dar uma navegadinha e ver se descubro algum rio pela aí e já volto”. A esposa, concentrada fazendo um bolo inglês, atira-lhe um beijinho de longe e, quando vê, meses depois, ele volta com a notícia: “Honey, você não vai acreditar, mas descobri justamente o Rio Hudson”! Não é fascinante?

Tantos rios no mundo àquela época ainda a serem descobertos pelos navegadores e o Hudson dá de cara justamente com o Rio Hudson! É uma chance em quantas? Mais difícil do que eu me embretar aí pelos morros da Serra e amanhã topar com o Rio Kirst. Jamais viverei essa glória. Até porque, o das Antas já foi descoberto há tempos...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 12 de setembro de 2015)

Nenhum comentário: