sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Vamos abrir os olhos

Mas esses chineses já estão passando da conta. Alguém tem de tomar uma atitude e ir até lá dar um basta nisso tudo, antes que seja tarde demais. O Arnaldo César Coelho, por exemplo, poderia singrar os mares e desembainhar um cartão vermelho para eles, sinalizando “stop” em linguagem universal (se bem que, sendo a China um dos últimos redutos comunistas do planeta, a cor vermelha pode ter lá o mesmo significado que por aqui atribuímos ao verde, e o ato do nosso intrépido juiz poderia vir a ser interpretado como “sigam em frente; avante, camaradas” e o tiro sairia pela culatra).
A gota d´água que transbordou meu copo de tolerância para com a onda de invasões chinesas em todas as áreas da existência se deu agora, ao ler reportagem revelando que, espalhadas por lugares diferentes do vasto e inapreensível território chinês, estão construídas réplicas perfeitas, em tamanho natural, de diversos pontos turísticos característicos de outros países do mundo. Existe, por exemplo, uma Torre Eiffel clonada em um bairro que reproduz todo um arrondissement parisiense, na cidade chinesa de Hangzhou (eu vi as fotos!). Em Hefei (Hefei, na China, sabe?), reproduziram lasca por lasca, menir por menir, o sítio megalítico britânico de Stonehenge. Na província de Guandong, ao invés de visitar lojas de porcelana da Dinastia Ming, você vai se ver andando pelas ruas de toda uma cidade histórica austríaca, que ali está reconstruída paralelepípedo por paralelepípedo igual à original.
E não fica nisso. Passeando por lá atrás de detalhes culturais típicos da rica e milenar cultura chinesa, em qualquer canto, inesperadamente, você pode deparar com uma réplica da Casa Branca de Washington, ou com a Esfinge do Planalto de Gizé, ou com esculturas gregas atenienses e assim por diante. Em continuando assim, se ninguém tacar-lhes um paratiquieto, não tardará muito para que o turista desavisado dê de cara por lá com imitações do Monumento ao Imigrante, da Casa de Pedra, do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, da Pipa-Pórtico de Bento Gonçalves e assim por diante.
Em represália, já encomendei um lote de pedras de basalto de Nova Prata e amanhã mesmo começo a erguer uma Muralha da China daqui de casa até Galópolis, projeto para arregalar os olhos de qualquer chinês clonador.

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de agosto de 2013)

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