Taí finalmente uma receita de
longevidade digna de crédito e passível de ser levada a sério! Ainda mais
quando revelada por uma das pessoas mais idosas do planeta e comprovadamente a
mais velha de toda a Escócia. A fórmula para ultrapassar os 100 anos de
existência com saúde, disposição e bom-humor é de Jessie Gallan, uma senhorinha
de 109 anos que ganhou a mídia mundial nos últimos dias justamente por revelar
o segredo para alcançar uma idade dessas com uma qualidade de vida tão plena.
Segundo ela, a receita é bem
simples e não tem nada a ver com dietas mirabolantes, opção pelo clima da
Serra, exclusão do sorvete de nabo do cardápio diário, brincar mais com
cachorros e gatos e menos com escorpiões, evitar atravessar as ruas sem antes
rezar dois Pai-Nossos no centro de Caxias do Sul, coisas assim. Nada disso.
Para ela, ou ao menos no caso dela, o segredo é só um: manter distância dos
homens. “Homem só dá estresse”, afirma a longeva e sábia senhora, em escocês
fluente. Alguém aí se anima a discordar? A senhora discorda, madame? Que idade
a senhora tem, madame? Ah, pois é... Voltamos a conversar então daqui a 50
anos, combinado?
Pois, além de revelar que não
dispensa uma tigela de mingau todas as manhãs e de fazer aula de ginástica uma
vez por semana, Jessie, a nossa heroína, é solteira, nunca casou, não tem
filhos, não tem e nunca teve namorado e Deus a livre de um dia vir a ter,
porque não quer. “Homens só dão estresse”, repete ela na entrevista, sublinhando
a importância da ausência desse elemento em sua vida como fator vital
(literalmente falando) para ela ter atingido a idade que atingiu. E não sou eu
quem vai discordar.
Claro, dirá alguém, há de se
relativizar, na concepção de mundo dela, o papel e o significado dos homens em
um país no qual um dos trajes típicos masculinos é justamente uma saia
quadriculada, chamada “kilt”, e ai de quem chamar essa saia de saia na frente
de um escocês, especialmente se ele estiver usando sai... Kilt! Kilt! Kilt! A
figura masculina, pelas nebulosas regiões da Escócia, não parece estar com a
credibilidade em alta, ao menos, aos olhos da Jessie. Mas eu ainda quero crer
que o segredo deve estar mesmo é no tal do mingau que ela manda ver todas as
manhãs...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 23 de janeiro de 2015)
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