Aluado como sou, não sabia que algumas modalidades
esportivas começavam a ser disputadas alguns dias antes da abertura oficial dos
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cerimônia que acontece na noite desta
sexta-feira. Imerso na mais olímpica ignorância, acreditava que os atletas só
começariam a suar as camisetas a partir deste sábado, quando, então, eu passaria
os olhos pela programação a fim de elencar as modalidades de minha preferência,
para acompanhar pela tevê algumas disputas de medalhas. Mas uma zapeada
fortuita pelos canais no final da tarde de quarta-feira me obrigou a rever meus
planos relativos ao sofá da sala.
Pulando de um canal a outro com a intenção de espairecer
do trabalho e ver o que rolava no mundo exterior, deparei com o andamento do
segundo tempo do jogo de estreia da Seleção Feminina Brasileira de Futebol,
mandando ver em cima das chinesas. Ainda tentava entender o que estava vendo (desconfiava
ser um teipe de partida antiga) quando presenciei a desconcertante pintura que
foi o segundo gol das brasileiras, com Marta recuando um passe dentro da área
adversária para a conclusão de Andressa Alves para dentro do gol, de chulapa,
batendo na bola ainda no ar. Coisa de gente grande. Coisa de futebol bonito,
com arte, classe, categoria. Coisa de arregalar os olhos de torcida favorável e
adversária. Tive de continuar assistindo até o final, com a vitória brasileira por
três a zero na estreia.
E que delícia está sendo assistir às partidas de futebol
feminino! Depois ainda assisti a partes (intercaladas com a retomada dos
trabalhos) das disputas entre Alemanha e Zimbábue (seis a um para as alemãs) e
França e Colômbia (quatro a zero para as francesas). E descobri que é no
futebol feminino que vou renovar meu prazer em assistir à prática do tradicional
esporte bretão, tão maltratado ultimamente pelos representantes masculinos
brasileiros da modalidade. É ali, no gramado ocupado pelas jogadoras, que volto
a encontrar a beleza, a graça e a plasticidade desse esporte tão amado em todo
o planeta.
Mas não é devido ao charme inerente às representantes do
gênero, nada disso. Mas, sim. porque ali ainda impera o frescor da garra, da
determinação, da vontade de vencer e de se superar, a entrega, o espírito de equipe
e, especialmente, o amor à camiseta e a empatia com as torcidas dos países (e
dos clubes) que representam em campo. No futebol feminino ainda detecto a
existência de sinceridade. E isso faz toda a diferença em qualquer atividade a
que os seres humanos se dediquem. Vamos lá, meninas, estou na torcida!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de agosto de 2016)
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