terça-feira, 30 de agosto de 2016

Uma aposta bem sacana


Hoje vou propor fazer uma aposta com a senhora, madama. A senhora aceita? Concordaria em correr o risco? Veja lá, hein, madama, normalmente eu sei o que estou fazendo, mas a senhora também tem lá suas garantias, claro. Vamos jogar um pouquinho? Afinal, que graça teria a vida se de vez em quando não ousássemos brincar com o perigo, mexer com fogo, mesmo sob o risco de fazer pipi na cama de madrugada? É, sim, também sou do tempo em que as avós nos advertiam para não brincar com fogo porque isso dava piririri de noite na cama. A senhora lembra, né? Então, vamos jogar?

Lá vai a aposta. Trata-se de um desafio sacaninha, desses típicos de autor de livro policial que lança pistas falsas para desnortear o leitor que se acha esperto, na tentativa de manter o mistério até o final da trama. O desafio é o seguinte: aposto que consigo dizer o nome de uma personalidade mundialmente famosa que a senhora não tem nem ideia de quem seja. É estrangeiro e já morreu, não faz muito. Vamos lá? Está pronta? Vou dizer o nome: Michael Jackson! Calma, calma, não meta as mãos na mesa para arrebanhar as fichas, o jogo ainda não acabou, a senhora não venceu a aposta, nananina! Quietinha aí e escuta. Ou melhor: lê. Eu disse Michael Jackson, e a senhora jamais ouviu falar dele. Ao menos, não do Michael Jackson a quem estou me referindo. Ahá! Eu disse que era coisa sacaninha.

Michael Jackson, madama, eu vou lhe dizer quem é. Ou quem foi, porque hoje, 30 de agosto, faz exatos nove anos que ele morreu. Trata-se de um famoso (sim, famoso) escritor e jornalista britânico, nascido em Wetherby em 27 de março de 1942, e que se notabilizou em todo o planeta por ser o maior especialista em análise de cervejas e uísques, tendo escrito vários livros sobre o tema, inclusive, publicados no Brasil. Não há referências a ele como sabendo fazer o passinho de dança “moonwalk”, como no caso daquele outro Michael Jackson que a senhora logo evocou mentalmente na hora de tentar rapar a mesa das apostas. Eu me referia a esse outro Michael Jackson, que a senhora nem sabia que existia, até agora.

Confesso que tampouco eu sabia da existência do tal especialista em cervejas e uísques até ontem, na hora de pesquisar para escrever esta crônica. Mas me espantei com a questão dos homônimos no mundo e do que eles fazem ao portarem nosso próprio nome. Haverá outros Marcos Fernando Kirst pela aí, dançando o “moonwalk” ou escrevendo sobre uísque? E quantas madamas será que há no nosso tão pequeno planeta, construindo biografias inimagináveis, madama? Há coisas que é melhor nem saber...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 30 de agosto de 2016)

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