quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O melhor presente

Como primeiro dizia John Lennon, depois versado para o português pela Simone, “então é Natal”. Sendo então Natal, como sempre nesta época nos lembram Lennon e Simone, brindemos. Um brinde a você, leitor, que acompanha essas crônicas ao longo do ano e que delas tira das entrelinhas o às vezes escasso leite que as oficiais linhas aparentemente escondem. Parabéns, leitor, brindo a ti.
Brindo a ti especialmente pela presença. Por se fazer presente lendo os textos e, vez em quando, comentando com os de suas relações e, mais em quando ainda, enviando a este escriba as manifestações referentes ao que depreendeu das leituras. Isso é fazer-se presente, e a essa postura e a esse gesto é que brindo.
Brindo porque, imbuído pelo espírito da reflexão que esta época dos derradeiros dias do ano nos induz, flagrei-me concluindo que o maior presente que se pode dar aos outros não só no Natal, mas ao longo de todos os 365 dias dos anos que nos cabem viver, é justamente a presença. O melhor presente é saber fazer-se presente. A isso é que brindo. Saber fazer-se presente é uma arte humana que transcende o ato de ofertar aos outros presentes físicos. Fazer-se presente é em si o maior dos presentes, e é preciso esforço para que nos tornemos bons praticantes dessa arte intangível de presentear. É a quem sabe praticar essa arte em seu dia-a-dia que eu ergo o brinde aqui hoje, nesta crônica natalina.
E há tantas formas de se fazer presente quanto existem situações humanas no mundo. O leitor, como já disse, se faz presente ao cronista quando lê as crônicas e reflete sobre elas, mesmo que não as comente e não manifeste ao autor suas reflexões. Lê-la já é fazer-se presente. Isso, apenas um exemplo. Haveria tantos outros a elencar, integrando tanto o ato físico de reunir-se e fazer-se presente de corpo, quanto aquelas situações em que nos fazemos presentes de alma e espírito e pensamento.

Pensar em alguém é fazer-se presente a esse alguém. Recordar com carinho um ente-querido que já se foi é também trazer sua memória à presença. Dar um telefonema, enviar um email, dizer que se importa. Fazer-se presente é dar de si o melhor presente. Brindemos a isso e feliz Natal!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 24 de dezembro de 2014)

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