sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Saber presentear

Agora que o Natal já é quadradinho riscado no calendário sobre a escrivaninha do escritório, posso relatar o acontecido sem desmerecer a moral da dupla de protagonistas da história, a saber, a esposa deste que vos escreve e este que vos escreve ele próprio. Foi numa daquelas manhãs dos últimos dias antes da data natalina, em que o centro da cidade estava agitadíssimo com aqueles desavisados que ficam sabendo que já é quase Natal só aos 44 minutos do segundo tempo, quando então se lançam às compras. Nós entre eles, claro.
Depois de distribuídas as tarefas entre um e outro dos dois integrantes do já citado casal, combinamos de nos encontrar dali a um par de horas em um café/livraria do qual somos clientes habituais. Quem chegasse antes, que se pusesse a esperar pelo outro. E tudo certo, fomos cada um para seu lado, a cumprir a missão de adquirir presentes a torto e a direito.
A mim, cabia a incumbência de encontrar brinquedos para meu afilhado de quase três anos de idade e também para um priminho dele, um ano mais velho. Entrar em loja de brinquedos não me é nenhuma tortura e lá fui eu, faceiro, cartão de crédito calibrado no bolso, adentrar os domínios da fantasia e da imaginação. Já de cara fui capturado, o nariz na vitrine, por um sabre de luz de Cavaleiro Jedi, da saga de Guerra nas Estrelas. Que acende e emite um facho de luz fosforescente esverdeado, igualzinho ao do Luke Skywalker! Uau! Não resisti e comprei. Mais adiante, na outra prateleira, uma máscara do Darth Vader, que, ao ser colocada, faz a sua voz sair cavernosa e gutural, igualzinha à do vilão cinematográfico. Pimba! Venha! Passei de novo o cartão de crédito, sem pestanejar. Depois, um ovo de dinossauro que, se mergulhado na água, faz nascer um dinossaurinho-bebê em 24 horas. Que massa! Veio também!

Resultado: cheguei antes ao café, repleto de pacotes de brinquedos. Todos eles para mim mesmo. Teria de voltar no dia seguinte, para dar conta das compras para as crianças. Se fui xingado pela outra metade do casal? Não, senhora, somos crias da mesma cepa. Ela chegou depois, repleta de pacotes de sapatos e blusas, que adquiriu para ela mesma! Isso que é sintonia...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 26 de dezembro de 2014)

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