quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tá todo mundo nu

Se a moda pega – e, pelo jeito, já está pegando –, está decretada a derrocada de toda a indústria fabril e têxtil do país, bem como a falência das lojas de roupas. Sim, porque, ao que tudo indica, em seguindo o andar da carroça pela trilha que vai, ninguém mais anda muito interessado em se vestir e a ordem do dia parece ser “tá todo mundo nu”. Não sei se é só aqui no Brasil que acontece o fenômeno, mas a onda do “peladismo” está batendo forte e o que mais se vê é gente disposta a cruzar os limites das praias de nudismo para desfilar seus modelitos “de-como-vim-ao-mundo” pela aí.
Senão, vejamos. Primeiro foi a atriz Maitê Proença, agora integrante de um divertido programa televisivo de debates esportivos (cujo nome não vou citar para não fazer propaganda e, até porque, todos sabem que se chama “Extraordinários”, na tevê paga), que jurou de tamancos juntos aparecer pelada caso seu time do coração, o Botafogo, conseguisse ser campeão este ano da Série B do Brasileirão e retornasse à elite do Campeonato Brasileiro. Pelo visto, vai ter de cumprir, já que os jogadores e a torcida do Botafogo fizeram a sua parte. Sou inclinado a crer que havia até mesmo marmanjo de times adversários torcendo pela boa campanha do Botafogo, botando lenha nessa fogueira, só para que a atriz tivesse de ser chamada às contas.
Mas isso foi uma coisa. A outra coisa rolou agorinha há pouco, quando o escritor de telenovelas Aguinaldo Silva prometeu aparecer pelado caso “Império”, sucesso televisivo de sua autoria, papasse o Emmy Internacional como melhor novela do ano. A cerimônia de premiação ocorreu segunda-feira em Nova York e pimba: “Império” venceu. Aguinaldo Silva terá de sair pela aí pelado. Onde irão cumprir suas promessas, Maitê e Aguinaldo? Quem mais vai aderir à onda? O que é que motiva essa gente a decidir celebrar feitos seus e externos tirando as vestes e exibindo suas pudicícias?

O fenômeno é bastante sintomático por coincidir em suas incidências (há de se recordar dos peladões e das peladonas a correrem pelas vias públicas recentemente em Porto Alegre e em outras localidades do país) com o anúncio da revista Playboy norte-americana, de que não vai mais publicar fotos de mulheres nuas em suas páginas, depois de décadas de tradição nesse quesito. Alguém entende? Alguém explica? Ah, mundo, mundo...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 25 de novembro de 2015)

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