segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Gente diferente

Fiquei sabendo com uma semana de atraso do falecimento de meu médico, o coloproctologista Edson José Baron. Li a notícia neste domingo, dia 26, quando então descobri que ele havia morrido no sábado anterior, dia 18, tendo sido cremado no domingo, 19.
Edson Baron estava com 59 anos de idade e perdeu a batalha contra o câncer. Era casado há 32 anos com Eva Marisa Baron, com quem tinha os filhos Eduardo e Erica. A notícia me deixou entristecido no domingo em que tinha de votar no segundo turno das eleições. Triste pela perda de um profissional competente em quem eu aprendera a confiar plenamente; triste pela perda humana derivada de sua morte e triste pela perda de um interlocutor que, com o passar dos anos e com o aprofundar dos contatos, se transformaria em amigo. Triste também por não ter podido estar presente na ocasião de prestar minha despedida a ele.
Conheci o doutor Baron há pouco mais de um ano, quando, em setembro do ano passado, ele me diagnosticou portador de uma doença crônica dentro de sua área de especialização médica. “Fui inventar de ser cronista e desenvolvi doença crônica”, brincava eu com ele, ao longo das baterias de consultas e exames. Brincava com ele porque ele escutava. Edson Baron pertencia a essa categoria humana de profissionais da saúde que realmente se importam com a individualidade de seus pacientes. Ele, em si, era paciente, pois tinha paciência. Sabia ouvir, sabia se interessar. Olhava seus pacientes nos olhos, conversava com eles, perscrutava seus corações sem ser cardiologista. O coração que ele auscultava era aquele outro, não físico, que faz de cada um de nós um ser especial.

Baron sabia disso e tinha paixão pela profissão e encantamento por gente. Tenho convicção disso a partir do pouco contato que tive com ele, sempre em função de minha doença. Era um médico que se destacava entre seus pares e um cidadão que se destacava entre a humanidade em geral. Descubro agora que também estava doente e que partiu prematuramente. A vida é assim, cheia de surpresas. A melhor delas é quando conhecemos gente que faz a diferença.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 27 de outubro de 2014)

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