sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sobre guirlandas e luzes

Imbuída de espírito natalino, minha esposa já está se ensaiando para ornamentar nossa residência com os tradicionais enfeites de Natal. Também, já é hora, afinal, estamos a menos de uma semana da entrada de dezembro e o jingle bells há tempos que pode ser escutado saindo das caixas de som postadas defronte às entradas de diversas lojas pela cidade.
Como aqui em casa reina uma democracia na qual quem manda é ela, acredito que o tal procedimento de enfeitamento natalino do lar desse final de semana não passa. E aí é aquilo: lá vai o Marcos tratar de pendurar a guirlanda na porta de entrada, instalar metros de luzinhas piscantes no parapeito da sacada, revirar metade da casa à procura da árvore artificial que todos os anos é guardada em um lugar específico e mesmo assim todos os anos não se encontra no tal lugar específico porém em algum lugar incerto e não-sabido com o único propósito de testar os limites de minha paciência natalina. Mas é Natal, releva-se.
O que se passa comigo é que eu não consigo fazer despertar em mim um sentimento genuíno de Natal antes do mês de dezembro, como parece acontecer com boa parte das pessoas que, nem bem entrado novembro, já se botam a enfeitar lares, restaurantes, lojas, shoppings. Que os estabelecimentos comerciais se antecipem eu até entendo, afinal, trata-se de estratégia vital e válida para aquecer seus negócios. Mas não consigo absorver essa exigência de antecipação para dentro de minha vida particular. Coisa minha, eu sei.
Para mim, é o mês de dezembro o período que resguarda o espírito natalino, com as cores do Natal, os cheiros do Natal, as expectativas do Natal, a presença do Papai Noel rondando as casas e analisando o comportamento de todos ao longo do ano para bater o martelo quanto à entrega ou não dos pedidos feitos. Mas tudo isso, para mim, em dezembro, em dezembro, ali em dezembro. Antes disso, ainda me sinto ancorado na realidade mais crua do cotidiano que tanto nos absorve.

Pensando bem, depois disso tudo que escrevi aí em cima, não vejo a hora de começar a cumprir as determinações em relação a guirlandas e luzinhas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de novembro de 2014)

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