segunda-feira, 20 de junho de 2016

Cartão vermelho aos impostores

Neste final de semana, fiz uma coisa que há tempo eu não fazia. Acompanhei pela televisão, do começo ao fim, a uma partida da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino em jogo válido pela Liga Mundial, que está rolando no Rio de Janeiro. Brasil e Estados Unidos em quadra. Eu sequer sabia os nomes de nossos atletas. Agora sei os de alguns, devido à alta performance demonstrada por eles. A partida se estendeu até a uma e meia da madrugada de domingo e me segurou ali, ligadão, torcendo e sofrendo. Sofrendo, não, pelo contrário. Torcendo e vibrando, porque havia motivos de sobra para torcer e vibrar, independentemente do resultado final, aliás, favorável ao Brasil, já que vencemos por três sets a um.
Vencemos e convencemos. O Brasil jogou bem. Muito bem. Deu gosto sofrer por cada bola, a cada lance. Mesmo quando o ponto era do adversário, percebia-se que a bola havia sido disputada de igual para igual. Ficou nítido que nossos atletas do vôlei treinam a sério. Treinam. Treinam. Treinam. Ficou nítido também que a Seleção Brasileira de Vôlei Masculino é composta pelos melhores jogadores existentes no país, e não por aqueles impostos por interesses empresariais e de marketing. Ficou nítido que ali, na quadra, quem impera é o amor pelo esporte e não pelo dinheiro, pela fama, pela celebridade gratuita. Ficou nítido que ali ainda existe garra genuína. Coisa que se perdeu em alguns dos esportes mais queridos pelos brasileiros, como o futebol e a Fórmula-1, modalidades que aprecio muito e às quais, há anos, não dedico mais a preciosidade de meu tempo.

Quando entra em campo a Seleção Brasileira de Futebol (masculino) ou é dada a largada a uma corrida de Fórmula-1, peço licença e vou para outro canto ler um livro, que eu ganho mais. Bem mais. Já a seleção Brasileira de Vôlei Masculino, essa agora merece a minha atenção pelo tempo que for necessário. Porque ali não há engodo. Porque ali não tenho a impressão de estar sendo ludibriado por impostores. Não gosto de impostores. Não gosto de impostores no futebol, nem na Fórmula-1, nem na política, nem no mercado de trabalho, nem nas artes, nem no convívio social. Tenho asco a impostores. Descobri, dia desses, que existe uma doença raríssima, conhecida como Síndrome de Capgras, que atinge apenas 0,00001% da população mundial (1,3 mil pessoas) e que consiste no seguinte: a pessoa que sofre dela olha para todos a seu redor e acha que são impostores. Do jeito como anda o Brasil, tenho a impressão de que esse índice tende a aumentar. Quem nos redime ainda é a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 20 de junho de 2016)

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