A bem da verdade, o Dia dos Namorados
deveria ser celebrado em 17 de junho, cinco dias depois da data atualmente
consagrada a fazermos agrados a quem amamos, nossa cara-metade, a pessoa que
detém a posse de nossos corações - que a ela entregamos de forma espontânea - e
a quem direcionamos o melhor de nossas essências. A data deveria ser hoje, 17
de junho, em função da carga simbólica que dela deriva e que vai ficando mais
clara à medida em que agregamos conhecimento histórico.
Por que 17 de junho? Ora, porque
foi nessa data que morreu, 385 anos atrás, em Agra, na Índia, uma bela,
caridosa, inteligente e encantadora princesa, chamada Mumtaz Mahal. Essa
personagem, devido aos fatos que a envolvem e com o passar do tempo, acabou se
transformando em um símbolo da dedicação amorosa de que alguém pode ser alvo. E
ela foi alvo de uma das mais belas e imponentes declarações póstumas (e
eternas) de amor já feitas por alguém: seu marido, Shah Jahan (1592 – 1666), o
quinto governador do Império Mogol. Mumtaz Mahal é um codinome que, em persa,
significa “a joia do palácio”. Seu nome real era Arjumand Bano Begum (1593 -
1631) e se casou com o imperador em 1612, aos 19 anos, sendo sua segunda
esposa. Diz a História que casaram por amor verdadeiro e não por contrato ou
obrigação.
Parceira do imperador em todas
as suas ações e revelando-se uma perspicaz conselheira, ela induzia-o a ser bom
e indulgente com os povos sob seu domínio, sendo muito amada pelos súditos. Deu
ao rei 13 filhos e, por ocasião de seu 14º parto, acabou morrendo (aos 38 anos),
o que deixou o rei arrasado. Foi então que ele decidiu construir, sobre o
túmulo da amada, o mais belo palácio de que se tem notícia na História do
Mundo. A obra foi erguida ao longo de 20 anos, tendo sido concluída em 1653,
toda em mármore branco, imponente, cercada de belas árvores, a cúpula ornamentada
com fios de ouro e com um espelho d´água em sua entrada.
O monumento está em pé e intacto
até hoje e é classificado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É
conhecido como Taj Mahal e reconhecido como a maior prova de amor do mundo. Por
isso, defendo a data da morte da princesa, 17 de junho, como uma data genuína
para celebrarmos nossos amores, já que foi a morte dela que inspirou o soberano
a materializar sua obra. Nós, que não somos reis mas que também sabemos amar,
podemos ofertar aos nossos amores Taj Mahals simbólicos diários, dentro da
convivência que com eles estabelecemos. Às vezes, um singelo “bom dia” embalado
em um sorriso tem o mesmo poder de encantamento que um imponente palácio de
mármore.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de junho de 2016)
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