E-leitores e e-leitoras (“e” de
“eletrônico”, o mesmo “e” usado em “email”, “e-commerce”, e-tecétera e-tal)! Do
alto da tribuna desta crônica mundana, decido trair as diretrizes de meu
partido, o PCdaM (Partido dos Cronistas da Mundaneidade), indiferente às
eventuais ameaças de expulsão (que virão e que rechaçarei com veemência, por se
tratar de ataque a mim, coisa que, anteriormente, quando envolvia os outros
colegas, eu era o primeiro a condenar), e passar a cronicar aqui neste espaço
(que me é de direito por mim conquistado de forma arbitrária e indireta) única
e exclusivamente em defesa de minha causa própria (agora releia a sentença
pulando os parênteses, para que possa obter o sentido da frase, uma vez que nem
sempre estou aqui para facilitar a compreensão de leitura de ninguém).
Chega, estimados e-leitores e
admiradas e-leitoras, de utilizar a nobreza e extensão deste tão cobiçado
espaço para desenvolver crônicas literárias permeadas de duplos sentidos e
subtextos ocultos nas entrelinhas. Chega de pretender divertir o leitor
proporcionando-lhe também aspectos para a reflexão. Não, não, a era do
altruísmo está com seus dias contados na esfera das crônicas mundanas. Os
tempos são outros, é preciso saber decifrar as nuances do novo espírito da
época (o “zeitgeist” a que aludiam certos filósofos, mas não usarei mais termos
complexos), e sábio é aquele que detecta a mudança a tempo e se adequa. Só os
rapidinhos é que sobreviverão e, portanto, apresso-me.
Meu mandato de cronista será
usado para que eu me locuplete a mim mesmo com tudo o que eu puder amealhar
para mim no exercício da atividade. Quero para mim todos os louros; todos os
aplausos; todas as curtidas com carinhas faceiras; o reconhecimento nas
calçadas; os apertos de mão; os beijinhos na face; os parabéns; os elogios. Em
troca, por baixo dos panos, elogiarei também os generosos e-leitores e
e-leitoras, mas negarei tudo quando algo vier à tona. Negarei e atacarei a quem
me ataca; desacatarei a quem me desataca... destaca... destro... Embananei
agora, senhora e-ditora, mas me faço e-ntender. É preciso estar ventando em
sintonia com os ventos e, de tanto ver vencer as nulidades, anulo-me em
uníssono, para que Brasília não pense possuir a primazia de abrigar o lema do
“e-u por mim e todos também – por mim”.
Eu prometi que me posicionaria,
e um cronista mundano, quando promete, cumpre: posiciono-me a favor de mim
mesmo! Afinal, não serei eu a marchar fora do passo nesse país!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 27 d abril de 2016)
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